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PREVIDÊNCIA PETISTA
Senado muda regra de seguro por acidente e encerra 1º turno
Com PMDB, oposição altera item da reforma do governo
FERNANDA KRAKOVICS
RAQUEL ULHÔA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu encerrar
ontem a votação em primeiro turno da reforma da Previdência no
Senado, mas sofreu uma derrota
que não muda a essência da proposta. O PMDB se aliou à oposição -PFL e PSDB- e retirou do
texto encaminhado pela Câmara
dos Deputados o monopólio do
Estado sobre o pagamento de seguro por acidente de trabalho.
Na questão do subteto salarial,
que o governo temia perder, houve acordo e os senadores derrubaram o destaque. Esse item da proposta foi o pivô da crise com o
PMDB no início da semana por
divergência entre os governadores do partido com os do PSDB.
A fixação de um limite salarial
único para o funcionalismo nos
Estados, em vez dos três subtetos
propostos no texto original, um
para cada Poder, foi derrubada
em votação simbólica, sem registro individual no painel eletrônico, devido a acordo para que o
dispositivo seja alterado na proposta paralela que está tramitando simultaneamente no Senado.
Anteontem, depois de nove horas de discussão, o governo aprovou por 55 a 25 -seis a mais que
o necessário- o texto principal
da reforma da Previdência no Senado. A oposição foi fundamental
para a aprovação do projeto, com
13 votos favoráveis.
A reforma da Previdência atinge
principalmente os servidores públicos, elevando a idade mínima
para aposentadoria, criando a
contribuição de inativos e pensionistas, estabelecendo redutor de
benefícios para aposentadorias
precoces e definindo teto e subteto salarial no funcionalismo.
Todos os outros 11 requerimentos para alterar pontos do projeto,
como a contribuição previdenciária dos servidores inativos, foram
derrubados na votação de ontem.
O placar da votação em que o
governo foi derrotado foi de 39 a
33, a favor dos governistas, mas
para manter o texto eram precisos
49 votos -três quintos do total de
81 senadores. Dos 18 senadores do
PMDB presentes, 11 se posicionaram contra o Planalto.
O senador Paulo Paim (PT-RS)
poderia ter evitado a derrota na
votação do requerimento que
propôs a alteração, etapa anterior,
por um voto, 36 a 35. Nesse caso é
preciso maioria simples, e o petista, apesar de presente, não votou.
Em caso de empate, a questão seria decidida pelo presidente da
Casa, José Sarney (PMDB-AP).
Paim estava em seu gabinete.
Chegou ao plenário quando a votação havia se encerrado e pediu
que a Mesa registrasse seu voto.
"Votei, mas meu voto não saiu
no painel. Na mesma hora apresentei requerimento à Mesa para
que meu voto constasse, mas no
mérito nós perdemos", disse à Folha o senador, que, apesar de ter
votado a favor do texto principal,
se opôs ao governo durante a tramitação da PEC (Proposta de
Emenda Constitucional).
O líder do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), minimizou
a derrota. "Na prática isso é inócuo porque o governo não vai enviar lei complementar regulamentando a questão. O que queríamos era fechar de vez essa possibilidade para futuros governos."
A Constituição já prevê a participação da iniciativa privada no
seguro-desemprego, desde que
seja aprovada legislação infraconstitucional (sem mexer em
matéria constitucional), o que
nunca foi feito.
O requerimento foi de autoria
do PFL. Ao apoiá-lo, o PMDB
quis marcar posição e demonstrar o peso do partido, pressionando o governo a acelerar a reforma ministerial e definir as pastas que vão para a legenda.
A reforma, agora, será votada
em segundo turno no Senado, no
início de dezembro.
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