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Atraso trará perda fiscal, diz Berzoini
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O atraso no calendário de votações da reforma da Previdência e
o congestionamento na pauta do
Congresso neste final de ano poderão causar perdas fiscais para o
governo, segundo o ministro da
Previdência, Ricardo Berzoini.
A previsão inicial do governo
era aprovar ainda em 2003 o projeto de lei que regulamentará a
previdenciária, já descartado.
Sem a regulamentação, dispositivos da reforma que produzirão
economia para o governo não poderão ser aplicados.
"Sabemos que neste ano não
vota mais. Vamos ter que votar no
começo do ano que vem. O fato de
não aprovar ainda neste ano, como era esperado, tem um impacto fiscal, mas é pequeno", disse.
O ministro explica que um ponto importante da reforma, a mudança no cálculo dos benefícios
dos servidores públicos, precisa
ser regulamentado por lei para
passar a valer. "Os técnicos estão
analisando como formatar essa
perda de maneira precisa, mas é
pequena", completou o ministro.
A reforma estabelece que os servidores que não cumprirem 65/60
anos de idade, 35/30 anos de contribuição, 20 anos de serviço público, dez anos na carreira e cinco
anos no exercício efetivo do cargo
não terão direito à aposentadoria
integral. Para essas pessoas, o benefício será calculado pela média
das contribuições, gerando economia para o governo.
Berzoini avalia, porém, que o
efeito fiscal negativo na demora
da regulamentação da reforma
poderá ser neutralizado.
Outro dispositivo previsto na
reforma, a criação de fundos de
pensão para complementar as
aposentadorias de futuros servidores -que estarão limitadas ao
teto de R$ 2.400-, depende de
aprovação de outro projeto de lei.
Segundo o ministro, esse projeto
de lei só deverá ser enviado ao Legislativo no primeiro semestre de
2004. Como essa medida, ao entrar em vigor, exigirá um gasto
adicional do governo, a demora
na aprovação do projeto acaba se
convertendo em economia.
"Como o fundo não tem no curto prazo nenhum ganho fiscal, pelo contrário, tem um pequeno desembolso, eu acredito que a demora, por um lado, dá um ganho
fiscal e, por outro, uma perda.
Com isso, as coisas tendem a se
anular." Para Berzoini, a votação
no Senado foi positiva, mas ele
classificou de retrocesso a derrota
na votação do requerimento que
permitirá a privatização do seguro de acidente de trabalho.
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