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PREVIDÊNCIA PETISTA
Impasse põe em risco cobrança da CPMF em 2004 e pode atrapalhar 2º turno da reforma previdenciária
Falta de acordo ameaça reforma tributária
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A menos que faça um acordo
para votar a reforma tributária, o
governo pode chegar em janeiro
sem poder cobrar 0,38% sobre cada cheque emitido no país, a
CPMF, nem usar livremente 20%
dos recursos do Orçamento vinculados à saúde e à educação.
As negociações também podem
contaminar a reforma da Previdência, que ainda precisa ser votada em segundo turno no Senado. Sem acordo na tributária,
pontos da reforma da Previdência
que já estavam acordados podem
voltar ao "balcão de negociação".
O governo agora corre contra o
relógio na reforma tributária. Ontem começou a contar o prazo de
cinco sessões de discussão da proposta no plenário do Senado, que
se encerra na quarta-feira, dia 5. O
projeto então volta à comissão
que analisa a reforma para a apreciação das emendas. Na melhor
das hipóteses, a votação na comissão ocorreria na semana seguinte.
Nesse ritmo, sem obstrução da
oposição, a proposta poderia ficar
pronta para ser votada, no primeiro turno, depois do dia 15, na
semana de recesso do Congresso.
Para antecipar esses prazos, o governo negocia um acordo com a
oposição, mas as conversas não
avançam. Nova rodada está prevista para a segunda-feira.
Há impasse sobre os quatro
pontos decisivos da reforma, que
seriam promulgados neste ano.
1) CPMF: a oposição quer criar
um gatilho por meio do qual a cobrança da alíquota de 0,38% seria
reduzida sempre que aumentasse
a arrecadação da União. O governo é contra. Alega que é uma tentativa da oposição para diminuir a
carga tributária. A oposição afirma que se trata apenas de substituir um tributo ruim (CPMF) por
um bom (Imposto de Renda).
2) FDR (Fundo de Desenvolvimento Regional). O governo quer
deixá-lo para mais tarde, sob o argumento de que, com o fatiamento da reforma tributária, o ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias) não muda agora.
Os governadores e os partidos de
oposição insistem que se trata de
um instrumento para combater
as desigualdades e não há por que
adiar sua implantação.
3) Fundo de Compensação das
Exportações: outra discussão que
não sai do lugar. Os governadores
querem que ele seja de R$ 8,5 bilhões, mas, até agora, o máximo a
que o governo chegou foi R$ 6,5
bilhões. Também não definiu os
recursos no Orçamento.
4) Cide: virou uma espécie de
questão de honra para os governadores. O governo prometeu repartir com os Estados 25% das receitas da contribuição cobrada
sobre a venda de combustíveis.
Agora, alega que são 25% sobre
80% da arrecadação (ou seja, menos os 20% que a DRU lhe permite desvincular). Os governadores
dizem que negociaram com o Planalto 25% sobre 100%.
A conversa de segunda-feira
reunirá o relator da reforma, Romero Jucá (PMDB-RR), e os senadores Rodolpho Tourinho (PFL-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-BA),
que representam a oposição. Jucá
diz que fechará um texto de acordo na próxima semana. Tourinho
e Tasso se dizem otimistas. A
aposta da oposição é que o governo, pressionado pelo tempo, se
disponha a fazer concessões para
aprovar a reforma neste ano.
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