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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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ENSINO PÚBLICO

Sem citar texto de Palocci, ministro nega que instituições retirem recursos dos pobres

Cristovam contesta documento da Fazenda

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Falando de maneira genérica sobre como os governos deveriam tratar o ensino superior, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, disse ontem que não se pode entender a destinação de recursos para universidades como uma forma de retirar investimentos voltados aos mais pobres.
"Os governos têm de entender que universidade é, em si só, um serviço social. Para não acharem que colocar dinheiro na universidade é tirar das classes mais pobres. A universidade beneficia o país por meio do que o aluno produz", afirmou.
Defensor do ensino público e gratuito, Cristovam fez a colocação durante o encerramento do seminário "Universidade XXI", realizado por três dias em Brasília com representantes de países da Europa, Ásia, África e América Latina, além dos Estados Unidos.
Ele disse que os governos não podem deixar o ensino superior abandonado. "Austeridade significa gastar dinheiro nas coisas certas, [em vez de] deixar de gastar."
Apesar de não citar em nenhum momento o documento "Gasto social do governo central", do Ministério da Fazenda, assinado por Antonio Palocci Filho, Cristovam fez as afirmações menos de um mês depois da divulgação do documento com o qual a Fazenda condena o que chama de "proteção exagerada" aos mais ricos.
A respeito de universidades federais, o relatório diz que cerca de 46% dos recursos do governo para o ensino superior beneficiam "apenas indivíduos que se encontram entre os 10% mais ricos da população".
Aos alunos, professores e servidores, Cristovam pediu a construção de uma nova proposta de universidade, baseada em discussão e debate de idéias. Anteontem, ele havia dito que falta de "tensão ideológica" entre a academia e as "forças conservadoras".
Em resposta, o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) exibiu no final do evento uma faixa protestando contra o grupo interministerial do governo responsável pela reforma universitária.


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