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ENSINO PÚBLICO
Sem citar texto de Palocci, ministro nega que instituições retirem recursos dos pobres
Cristovam contesta documento da Fazenda
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Falando de maneira genérica
sobre como os governos deveriam tratar o ensino superior, o
ministro da Educação, Cristovam
Buarque, disse ontem que não se
pode entender a destinação de recursos para universidades como
uma forma de retirar investimentos voltados aos mais pobres.
"Os governos têm de entender
que universidade é, em si só, um
serviço social. Para não acharem
que colocar dinheiro na universidade é tirar das classes mais pobres. A universidade beneficia o
país por meio do que o aluno produz", afirmou.
Defensor do ensino público e
gratuito, Cristovam fez a colocação durante o encerramento do
seminário "Universidade XXI",
realizado por três dias em Brasília
com representantes de países da
Europa, Ásia, África e América
Latina, além dos Estados Unidos.
Ele disse que os governos não
podem deixar o ensino superior
abandonado. "Austeridade significa gastar dinheiro nas coisas certas, [em vez de] deixar de gastar."
Apesar de não citar em nenhum
momento o documento "Gasto
social do governo central", do Ministério da Fazenda, assinado por
Antonio Palocci Filho, Cristovam
fez as afirmações menos de um
mês depois da divulgação do documento com o qual a Fazenda
condena o que chama de "proteção exagerada" aos mais ricos.
A respeito de universidades federais, o relatório diz que cerca de
46% dos recursos do governo para o ensino superior beneficiam
"apenas indivíduos que se encontram entre os 10% mais ricos da
população".
Aos alunos, professores e servidores, Cristovam pediu a construção de uma nova proposta de universidade, baseada em discussão
e debate de idéias. Anteontem, ele
havia dito que falta de "tensão
ideológica" entre a academia e as
"forças conservadoras".
Em resposta, o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) exibiu no final do evento uma faixa
protestando contra o grupo interministerial do governo responsável pela reforma universitária.
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