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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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Procuradoria vai acusar Campos por suposta fraude em anel viário

JAIRO MARQUES
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

O Ministério Público Federal investiga uma nova acusação de irregularidade contra o ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP), preso anteontem em Brasília pela Polícia Federal sob a acusação de fraude na folha de pagamento do Estado, que teria desviado cerca de R$ 230 milhões.
Os procuradores investigam também a participação de Campos num esquema de desvio de dinheiro do projeto do anel viário de Boa Vista -que custou aos cofres públicos R$ 3 milhões, originários de convênios com a União, mas que nunca foi construído.
Campos governou o Estado de 1995 a 2002. No caso do anel viário, o Ministério Público Federal deve oferecer denúncia de improbidade administrativa para demonstrar a participação do então governador num esquema fraudulento para construir uma obra que, mesmo que tivesse sido concluída, teria pequena utilidade, por causa da pequena frota de veículos que circula por Boa Vista.
Inicialmente, o anel viário seria de responsabilidade da prefeitura, mas, graças a um acordo firmado com o Estado, os gastos da obra ficaram a cargo do governo. Um inquérito criminal que investiga o caso está em curso na PF. Uma das testemunhas mais importantes é o ex-diretor do extinto DER (Departamento de Estradas e Rodagem) Carlos Eduardo Levischi.
"Em depoimento, o ex-diretor deu detalhes de como o dinheiro foi desviado e confirmou que a obra jamais saiu do papel", afirmou o procurador da República Rômulo Moreira Conrado.
A Procuradoria da República já reuniu extenso material que supostamente comprovaria a fraude: a tomada de contas para a obra, recibos de pagamento de serviços não-realizados, relatório do Tribunal de Contas apontando irregularidades, entre outros. Outro documento importante colhido pela investigação foi a movimentação bancária de uma conta corrente de onde saíam os recursos repassados pela União.

Fronteira
Neudo Campos enfrenta ainda outra dificuldade. A pedido do governo da Venezuela e do Ministério das Relações Exteriores, o Ministério Público Federal elaborou uma ação civil pública para interditar e demolir uma casa que seria do ex-governador nas proximidades da fronteira com a Venezuela. A casa estaria exatamente sobre a fronteira. Um decreto legislativo proíbe a construção de imóveis nessa região. Os documentos para a abertura da ação foram encaminhados pelo Ministério das Relações Exteriores, segundo o procurador da República Carlos Fernando Mazzocco.
O ex-governador foi mandado para Boa Vista ainda na quarta-feira e conduzido para uma cadeia pública. Ele está numa cela especial por ter curso superior.


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