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Procuradoria vai acusar Campos
por suposta fraude em anel viário
JAIRO MARQUES
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério Público Federal investiga uma nova acusação de irregularidade contra o ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP), preso anteontem em
Brasília pela Polícia Federal sob a
acusação de fraude na folha de pagamento do Estado, que teria desviado cerca de R$ 230 milhões.
Os procuradores investigam
também a participação de Campos num esquema de desvio de
dinheiro do projeto do anel viário
de Boa Vista -que custou aos cofres públicos R$ 3 milhões, originários de convênios com a União,
mas que nunca foi construído.
Campos governou o Estado de
1995 a 2002. No caso do anel viário, o Ministério Público Federal
deve oferecer denúncia de improbidade administrativa para demonstrar a participação do então
governador num esquema fraudulento para construir uma obra
que, mesmo que tivesse sido concluída, teria pequena utilidade,
por causa da pequena frota de veículos que circula por Boa Vista.
Inicialmente, o anel viário seria
de responsabilidade da prefeitura,
mas, graças a um acordo firmado
com o Estado, os gastos da obra ficaram a cargo do governo. Um inquérito criminal que investiga o
caso está em curso na PF. Uma
das testemunhas mais importantes é o ex-diretor do extinto DER
(Departamento de Estradas e Rodagem) Carlos Eduardo Levischi.
"Em depoimento, o ex-diretor
deu detalhes de como o dinheiro
foi desviado e confirmou que a
obra jamais saiu do papel", afirmou o procurador da República
Rômulo Moreira Conrado.
A Procuradoria da República já
reuniu extenso material que supostamente comprovaria a fraude: a tomada de contas para a
obra, recibos de pagamento de
serviços não-realizados, relatório
do Tribunal de Contas apontando
irregularidades, entre outros. Outro documento importante colhido pela investigação foi a movimentação bancária de uma conta
corrente de onde saíam os recursos repassados pela União.
Fronteira
Neudo Campos enfrenta ainda
outra dificuldade. A pedido do
governo da Venezuela e do Ministério das Relações Exteriores, o
Ministério Público Federal elaborou uma ação civil pública para
interditar e demolir uma casa que
seria do ex-governador nas proximidades da fronteira com a Venezuela. A casa estaria exatamente
sobre a fronteira. Um decreto legislativo proíbe a construção de
imóveis nessa região. Os documentos para a abertura da ação
foram encaminhados pelo Ministério das Relações Exteriores, segundo o procurador da República
Carlos Fernando Mazzocco.
O ex-governador foi mandado
para Boa Vista ainda na quarta-feira e conduzido para uma cadeia pública. Ele está numa cela
especial por ter curso superior.
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