|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDICIÁRIO
Presidente do STF afirma que Operação Anaconda e reforma da Previdência desgastaram mais a imagem do Poder
Descrédito atingiu fundo do poço, diz Corrêa
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa,
afirmou ontem que a imagem do
Poder Judiciário está "desgastada" e que o descrédito da instituição chegou ao "fundo do poço".
"Adensou-se o estado de beligerância contra o Poder", disse.
As declarações de Corrêa são
uma resposta ao envolvimento de
juízes federais, descobertos pela
Operação Anaconda, em irregularidades, como a venda de sentenças. Estão ligadas ainda, segundo ele, à imagem de "corporativismo" tachada no Poder durante as negociações da reforma
da Previdência, em que foi debatida a perda de direitos adquiridos.
"Uma série de fatos que aconteceram levou ainda mais para o
fundo do poço esse descrédito do
Poder Judiciário", declarou em
encontro dos presidentes dos Tribunais de Justiça em São Paulo.
Pouco antes, em visita ao Tribunal Regional do Trabalho, Corrêa
afirmara aos desembargadores
presentes: "Estamos preocupados
com a avalanche de informações
sobre o Poder Judiciário. Estamos
sendo tratados como bandidos".
Questionado sobre o teor da declaração, ele disse não ter feito a
afirmação ouvida pela Folha.
O envolvimento de juízes com
irregularidades, disse, é um fato
que não tem a ver "com o Judiciário como um todo".
Corrêa insistiu para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
aceite seu convite e vá ao STF discutir a reforma do Judiciário: "Espero poder ainda na minha gestão
ter presente no STF o presidente,
conforme já convidei".
Para o ministro, se "o Poder a
ser reformado é o Judiciário, então vamos discutir na casa dele".
Ele tentou justificar a polêmica
travada com o Planalto nos últimos meses: "Jamais desejei falar
de nenhum Poder. Fui obrigado a
tomar essa atitude para falar:
"Olha. Eu estou aqui em nome do
Poder Judiciário. Eu existo e posso falar também'".
Corrêa disse que o STF deve terminar seu projeto de reforma do
Judiciário até o dia 19 de dezembro. No encontro com Lula, pretende tratar da forma como a proposta "fatiada", ou seja, em tópicos, deve ser encaminhada.
O presidente do STF afirmou
que haverá contestações no Supremo à reforma da Previdência,
cujo texto-base foi aprovado em
primeiro turno no Senado.
"Não me dou ainda por vencido
em relação aos juízes futuros",
disse sobre a fixação de um subteto da magistratura para os juízes
de 90,25% do salário de um ministro do STF. Segundo ele, uma
nova reforma pode ter de ocorrer
daqui a três anos.
Texto Anterior: Outro lado: Ex-governador diz que provará sua inocência Próximo Texto: Desembargador será julgado pelo STJ Índice
|