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PT pode recuar na Câmara, afirma Garcia
Presidente do partido afirma que "a obsessão do governo" é ter uma candidatura única para disputar presidência da Casa
Lula teme que a insistência do PT em lançar candidato provoque um racha similar ao que propiciou a eleição de Severino Cavalcanti (PP)
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento em que a bancada petista se movimenta para
lançar um nome ao comando
da Câmara, o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, sinalizou ontem que os deputados da legenda terão de
abrir mão dessa candidatura,
caso um nome de consenso seja
de outro partido da base aliada.
Segundo Garcia, a "obsessão"
do Planalto e da base aliada é
lançar um único nome à disputa pela presidência da Câmara.
"Este [candidato único] será
a obsessão do governo, dos partidos. O governo não gostaria
efetivamente que a eleição do
presidente da Câmara dos Deputados fosse turvada e complicada por um processo de
grande enfrentamento e desgaste", declarou.
A declaração de Garcia está
numa linha próxima à opinião
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que já sinalizou seu
apoio por outro mandato de Aldo Rebelo (PC do B-SP) e vê
com preocupação a iniciativa
petista de lançar um nome à
presidência da Casa.
Arlindo Chinaglia (SP), líder
do governo na Câmara, é o favorito da bancada para disputar o
cargo. Walter Pinheiro (BA)
também aparece com chances.
Um ato em Brasília está sendo
programado para meados do
mês que vem para o lançamento da candidatura petista. Garcia, porém, trata de esfriar os
ânimos da bancada do partido.
"O que haverá concretamente são negociações da parte da
bancada petista com as outras
bancadas para tentar encontrar
uma solução comum." Ele descarta uma eventual intransigência no PT. "Nunca foi [intransigente], não será agora."
Lula teme que a insistência
dos petistas provoque um racha na base aliada semelhante à
que propiciou a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) em
2005. À época, apoiado por Lula, Luiz Eduardo Greenhalgh
(SP) teve o petista Virgílio Guimarães (MG) como adversário.
Ambos foram derrotados.
Em entrevista ontem no Planalto, Garcia disse que a inabilidade que resultou na vitória
de Severino não mais ocorrerá.
Desta vez, segundo ele, haverá
um processo de "concertação"
em torno de uma candidatura
única na base. Ele trata como
"lição" a eleição de Severino.
Antes da entrevista, Garcia
participou de reunião com o
ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e membros
da direção nacional petista.
Mais uma vez, ponderou aos
presentes sobre a preocupação
de Lula em evitar um racha da
base na disputa da Câmara.
O cenário atual apresenta Aldo em busca de mais um mandato e as bancadas de PT e
PMDB também dispostas a lançar candidatos próprios. "Não é
uma posição irredutível [do
PT], como acredito que nenhuma das posições que estejam
hoje em dia sendo discutidas
sejam posições irredutíveis."
Garcia deixou claro que o desejo pelo cargo é da bancada petista, e não algo formal que tenha saído da direção do partido.
"Nem o PMDB disse que quer
nem o PT disse que quer nem o
PC do B disse que quer. O
PMDB tem instâncias formais
para se pronunciar, o PT também tem e o PC do B também.
O que os três partidos disseram, e que é normal, é que têm
nomes de alta qualidade."
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