São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT pode recuar na Câmara, afirma Garcia

Presidente do partido afirma que "a obsessão do governo" é ter uma candidatura única para disputar presidência da Casa

Lula teme que a insistência do PT em lançar candidato provoque um racha similar ao que propiciou a eleição de Severino Cavalcanti (PP)


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No momento em que a bancada petista se movimenta para lançar um nome ao comando da Câmara, o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, sinalizou ontem que os deputados da legenda terão de abrir mão dessa candidatura, caso um nome de consenso seja de outro partido da base aliada. Segundo Garcia, a "obsessão" do Planalto e da base aliada é lançar um único nome à disputa pela presidência da Câmara.
"Este [candidato único] será a obsessão do governo, dos partidos. O governo não gostaria efetivamente que a eleição do presidente da Câmara dos Deputados fosse turvada e complicada por um processo de grande enfrentamento e desgaste", declarou.
A declaração de Garcia está numa linha próxima à opinião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já sinalizou seu apoio por outro mandato de Aldo Rebelo (PC do B-SP) e vê com preocupação a iniciativa petista de lançar um nome à presidência da Casa.
Arlindo Chinaglia (SP), líder do governo na Câmara, é o favorito da bancada para disputar o cargo. Walter Pinheiro (BA) também aparece com chances. Um ato em Brasília está sendo programado para meados do mês que vem para o lançamento da candidatura petista. Garcia, porém, trata de esfriar os ânimos da bancada do partido.
"O que haverá concretamente são negociações da parte da bancada petista com as outras bancadas para tentar encontrar uma solução comum." Ele descarta uma eventual intransigência no PT. "Nunca foi [intransigente], não será agora."
Lula teme que a insistência dos petistas provoque um racha na base aliada semelhante à que propiciou a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005. À época, apoiado por Lula, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) teve o petista Virgílio Guimarães (MG) como adversário. Ambos foram derrotados.
Em entrevista ontem no Planalto, Garcia disse que a inabilidade que resultou na vitória de Severino não mais ocorrerá. Desta vez, segundo ele, haverá um processo de "concertação" em torno de uma candidatura única na base. Ele trata como "lição" a eleição de Severino.
Antes da entrevista, Garcia participou de reunião com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e membros da direção nacional petista. Mais uma vez, ponderou aos presentes sobre a preocupação de Lula em evitar um racha da base na disputa da Câmara.
O cenário atual apresenta Aldo em busca de mais um mandato e as bancadas de PT e PMDB também dispostas a lançar candidatos próprios. "Não é uma posição irredutível [do PT], como acredito que nenhuma das posições que estejam hoje em dia sendo discutidas sejam posições irredutíveis."
Garcia deixou claro que o desejo pelo cargo é da bancada petista, e não algo formal que tenha saído da direção do partido. "Nem o PMDB disse que quer nem o PT disse que quer nem o PC do B disse que quer. O PMDB tem instâncias formais para se pronunciar, o PT também tem e o PC do B também. O que os três partidos disseram, e que é normal, é que têm nomes de alta qualidade."


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Renan se reúne com PDT para pedir seu apoio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.