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PT não quer controlar a imprensa, diz Garcia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente interino do PT,
Marco Aurélio Garcia, afirmou
ontem que Palácio do Planalto
e PT não possuem nenhum estudo, "tanto a curto, médio e
longo prazos", para encontrar
medidas que possam controlar
a imprensa. Uma eventual iniciativa nesse sentido, segundo
ele, não faz parte do "DNA político" dos petistas.
"A imprensa funciona normalmente no Brasil, ela tem
uma liberdade absoluta de funcionamento. Tanto é assim que
os estudos que foram feitos pelos observatórios de imprensa
revelam que ela [mídia] foi de
uma severidade extraordinária
em relação ao candidato que resultou reeleito na eleição [Lula], e isso não nos fez de maneira nenhuma ter nenhuma atitude [contrária], até porque
não faz parte do nosso DNA político", disse Garcia.
No final de semana, o presidente interino do PT criticou
reportagem de domingo da Folha que revelou a convicção
tanto da Polícia Federal como
do Ministério Público Federal
de que a decisão de compra do
dossiê contra tucanos partiu de
Ricardo Berzoini, então presidente do PT e coordenador-geral da campanha à reeleição de
Luiz Inácio Lula da Silva.
"O desconforto individual
nosso e eventual com a imprensa seguramente é bem menor
do que o desconforto de certos
jornalistas com o governo. Então, no mínimo, estamos empatados. Eu acho que não há nenhum problema", disse Garcia.
Ao afirmar que PT e governo
são "respeitosos" com a imprensa, Garcia atacou a oposição. Disse que alguns adversários do partido é que possuem
"maus hábitos" em relação à
mídia. "Quem tem maus hábitos em relação à imprensa não
somos nós. São outros que até
hoje sobrevivem aí no sistema
político brasileiro."
Após as eleições, dirigentes e
intelectuais ligados ao PT passaram a acusar setores da mídia
de terem beneficiado a candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. O próprio
presidente do PT fez duras críticas nessa linha. Para Garcia, o
respeito do partido e do governo à mídia não impede que sejam feitas críticas pontuais.
"Isso não impede, evidentemente, que em determinados
momentos algum dirigente, alguma pessoa, o próprio presidente, eu mesmo, expressemos
o nosso desconforto com determinadas afirmações, com determinadas edições. Acho que
às vezes há matérias muito
boas, mas que são editadas com
uma manchete um pouco picante. Mas isso são problemas,
a meu juízo, menores."
O presidente interino petista
afirmou que, do mesmo modo,
não quer ver seu direito de expressão cerceado.
(EDUARDO SCOLESE)
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