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CNJ enfrentará problemas para impor teto salarial
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), ministra Ellen Gracie
Northfleet, apresentará hoje
um estudo sobre o pagamento
de supersalários no Poder Judiciário, resultado de quatro meses de exame da folha de pagamento de cada tribunal.
A expectativa é que ela anuncie a existência de mais de
2.000 casos de remuneração
acima do teto do funcionalismo, hoje de R$ 24.500, entre
desembargadores de tribunais
de Justiça dos Estados, juízes e
servidores, tanto de tribunais
estaduais como da União.
Ao contrário do que ocorreu
na proibição do nepotismo no
Poder Judiciário, entretanto, o
CNJ terá dificuldade para obrigar os órgãos judiciais a promover os cortes salariais, e a batalha deverá ser decidida no julgamento de cada caso pelo STF.
Os donos dos contracheques
irão afirmar que a Constituição
impede o desconto na remuneração. Utilizarão argumentos
como o direito adquirido e a irredutibilidade dos salários.
Outro obstáculo para a limitação salarial é político. Enquanto tenta impor descontos
a salários de todo o Judiciário, o
CNJ quer aprovar lei que permitirá que os próprios conselheiros recebam acima do teto.
Ele institui jetom por participação em sessão do órgão, até
24% do salário de R$ 23.275.
A proposta do jetom e o risco
de o conselho não controlar os
altos salários, a maior parte na
Justiça estadual, está provocando mal-estar entre magistrados do Judiciário da União e
entidades de classe.
O presidente da Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), José Nilton Pandelot, pretende conversar nesta semana
com Ellen Gracie para cobrar
atuação mais firme.
"Apoiamos a criação do conselho. Agora, ele tenta criar jetom e começa a ter conduta licenciosa e frouxa em relação
aos salários de desembargadores. Isso revela tratamento
não-isonômico", diz Pandelot.
"Ao se preocupar com as próprias vantagens, o CNJ está
perdendo um espaço de credibilidade. Furar o teto abre um
precedente e é ruim para um
órgão criado para ser fiscalizador", diz Marcelo Semer, presidente do conselho da Associação Juízes para a Democracia.
O presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Rodrigo Collaço, também criticou o projeto: "Não
enxergo de que maneira isso
pode melhorar o funcionamento do órgão ou do Judiciário".
A batalha dos supersalários
no conselho começou em março, quando o órgão determinou
que todos os tribunais da União
se enquadrassem ao teto de R$
24.500 e que os estaduais se limitassem ao subteto salarial,
de R$ 22.111.
O CNJ fixou prazo até junho
para que a decisão fosse cumprida e ordenou que as folhas
de pagamento fossem enviadas
ao órgão para análise.
Colaboraram a Reportagem Local e a Folha Online
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