São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Chanceler do governo Médici morre aos 89

Embaixador Mário Gibson Barbosa teve papel fundamental em acordo que possibilitou criação de Itaipu

DA SUCURSAL DO RIO

Ministro das Relações Exteriores durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-73), o embaixador Mário Gibson Barbosa morreu anteontem, aos 89 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado havia uma semana no hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, e foi cremado ontem no Memorial do Carmo.
Gibson tem papel fundamental na história da hidrelétrica de Itaipu. Quando era embaixador no Paraguai, em 1966, chegou a um acordo com o país vizinho sobre as cataratas de Sete Quedas, assegurando que elas pertenciam ao Brasil.
Quatro anos depois, os dois países acertaram a construção da hidrelétrica nas cataratas. Gibson contornou a insatisfação da Argentina e, em 1973, o projeto foi sacramentado com a criação da empresa Itaipu, controlada por Brasil e Paraguai.
Enquanto foi chanceler, ele também contribuiu para a aproximação com a África Ocidental. Fez uma viagem importante, em 1972, a Costa do Marfim, Gana, Togo, Daomé, Zaire, Camarões, Nigéria, Senegal e Gabão para assinar uma série de parcerias econômicas. Mas nunca houve, durante o governo Médici, uma condenação brasileira ao colonialismo português no continente.
No período mais duro do regime militar, o país também não votou a favor do ingresso da China na ONU (Organização das Nações Unidas) e da volta de Cuba à OEA (Organização dos Estados Americanos). Acordos econômicos com países latino-americanos e com nações produtoras de petróleo foram outras marcas da gestão de Gibson no Itamaraty.
Pernambucano de Olinda, nascido em 13 de março de 1918, ele se formou em Direito em 1937, iniciando dois anos depois a carreira diplomática. Em 1959 e 60, atuou na missão brasileira junto à ONU. No breve governo Jânio Quadros (1961), foi chefe-de-gabinete do chanceler Afonso Arinos.
Nos anos 70, após deixar o ministério, foi embaixador na Grécia e na Itália. Desempenhou outras funções ao se aposentar como diplomata, como a de presidente da companhia de hotéis que administrava o Copacabana Palace.
Gibson costumava colaborar em jornais e, em 1992, publicou o livro de memórias "Na Diplomacia, o Traço Todo da Vida". Em 2001, candidatou-se à cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, então vaga com a morte do ex-ministro Roberto Campos, mas perdeu para Paulo Coelho. Ele deixa viúva Júlia Gibson Barbosa.


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