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Chanceler do governo Médici morre aos 89
Embaixador Mário Gibson Barbosa teve papel fundamental em acordo que possibilitou criação de Itaipu
DA SUCURSAL DO RIO
Ministro das Relações Exteriores durante o governo do
presidente Emílio Garrastazu
Médici (1969-73), o embaixador Mário Gibson Barbosa
morreu anteontem, aos 89
anos, de falência múltipla dos
órgãos. Ele estava internado
havia uma semana no hospital
Samaritano, no Rio de Janeiro,
e foi cremado ontem no Memorial do Carmo.
Gibson tem papel fundamental na história da hidrelétrica
de Itaipu. Quando era embaixador no Paraguai, em 1966, chegou a um acordo com o país vizinho sobre as cataratas de Sete
Quedas, assegurando que elas
pertenciam ao Brasil.
Quatro anos depois, os dois
países acertaram a construção
da hidrelétrica nas cataratas.
Gibson contornou a insatisfação da Argentina e, em 1973, o
projeto foi sacramentado com a
criação da empresa Itaipu, controlada por Brasil e Paraguai.
Enquanto foi chanceler, ele
também contribuiu para a
aproximação com a África Ocidental. Fez uma viagem importante, em 1972, a Costa do Marfim, Gana, Togo, Daomé, Zaire,
Camarões, Nigéria, Senegal e
Gabão para assinar uma série
de parcerias econômicas. Mas
nunca houve, durante o governo Médici, uma condenação
brasileira ao colonialismo português no continente.
No período mais duro do regime militar, o país também
não votou a favor do ingresso
da China na ONU (Organização
das Nações Unidas) e da volta
de Cuba à OEA (Organização
dos Estados Americanos).
Acordos econômicos com países latino-americanos e com
nações produtoras de petróleo
foram outras marcas da gestão
de Gibson no Itamaraty.
Pernambucano de Olinda,
nascido em 13 de março de
1918, ele se formou em Direito
em 1937, iniciando dois anos
depois a carreira diplomática.
Em 1959 e 60, atuou na missão
brasileira junto à ONU. No breve governo Jânio Quadros
(1961), foi chefe-de-gabinete do
chanceler Afonso Arinos.
Nos anos 70, após deixar o
ministério, foi embaixador na
Grécia e na Itália. Desempenhou outras funções ao se aposentar como diplomata, como a
de presidente da companhia de
hotéis que administrava o Copacabana Palace.
Gibson costumava colaborar
em jornais e, em 1992, publicou
o livro de memórias "Na Diplomacia, o Traço Todo da Vida".
Em 2001, candidatou-se à cadeira 21 da Academia Brasileira
de Letras, então vaga com a
morte do ex-ministro Roberto
Campos, mas perdeu para Paulo Coelho. Ele deixa viúva Júlia
Gibson Barbosa.
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