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Brasil entra no grupo dos países com mais alto IDH
Documento anual das Nações Unidas afirma que brasileiros vivem em elevado grau de desenvolvimento humano
Relatório coloca país em 70º lugar no ranking mundial; Brasil já figurou na elite, em 1998, mas foi retirado dela após revisão nos critérios
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Impulsionado principalmente por uma revisão nas estatísticas de expectativa de vida, o
Brasil ingressou no grupo dos
países considerados de alto desenvolvimento humano pelas
Nações Unidas. O dado aparece
no Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008,
divulgado ontem pelo Pnud
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento).
Para fazer parte desse grupo,
é preciso ter IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano)
superior a 0,800 -numa escala
que vai de zero a um. Foi justamente a este patamar de 0,800
que chegou o Brasil -o último
dos 70 países que estão no topo
do ranking no Relatório 2007/
2008. Foram comparados 177.
Não foi a primeira vez que o
país apareceu em um relatório
da ONU com este patamar de
alto desenvolvimento humano.
No relatório de 1998, com dados de 1995, o país já havia ultrapassado a marca de 0,800.
No entanto, como o Pnud
mudou a forma de cálculo do
PIB per capita no relatório de
1999, vários países tiveram, como o Brasil, queda significativa
no indicador. Considerando a
série atual, com dados de anos
anteriores revisados pelo Pnud,
é a primeira vez que o Brasil
atinge o patamar de alto desenvolvimento humano.
O IDH é calculado a partir de
indicadores de expectativa de
vida, proporção de adultos alfabetizados, taxa de matrícula
nos ensinos fundamental, médio e superior e PIB per capita.
Os dados divulgados são, em
sua maioria, referentes a 2005.
Apesar de 2005 ter marcado
a mudança de patamar do Brasil, foi no qüinqüênio que se encerrou naquele ano que foi verificada a menor variação do
IDH brasileiro desde 1975. De
2000 a 2005, o IDH cresceu
1,4%. Antes, de 1995 a 2000, a
variação havia sido de 4,8%. O
maior aumento foi registrado
de 1975 a 1980 -5,5%.
No relatório deste ano, o Brasil caiu de 69º para 70º lugar.
Em 2006, no entanto, apenas
63 países tinham IDH superior
a 0,800. Neste ano, são 70.
O Pnud alerta, entretanto,
que as comparações de um ano
para outro são imprecisas porque os dados estão sujeitos a revisões, que fazem com que a posição se altere artificialmente
num curto período. Foi o que
aconteceu com o Brasil. No relatório de 2006, o país aparecia
com esperança de vida de 70,8
anos. Agora, subiu para 71,7.
Esse aumento de quase um
ano na expectativa de 2004 para 2005 (o relatório traz dados
de ao menos dois anos antes)
foi fruto da revisão em 62 países onde as estimativas de incidência, transmissão e sobrevida dos infectados com HIV/
Aids estavam desatualizadas.
Ao rever o dado de 2005, o
Pnud refez o cálculo de 2004.
Em vez dos 70,8 anos divulgados no relatório do ano passado, o Brasil já estaria com esperança ao nascer de 71,5 anos.
PIB per capita
O mesmo foi feito com os dados de PIB per capita, calculado
em dólares, mas levando em
conta o poder de compra da
moeda de cada país. Foram revisados dados de 159 países. No
Brasil, o PIB per capita chegou
a 8.402 dólares PPC (Poder de
Paridade de Compra).
Em relação ao dado do relatório do ano passado (8.195 dólares PPC), a variação teria sido
de 2,5%. No entanto, com a revisão, o valor de 2004 foi corrigido para 8.325, o que significou uma variação real de 0,9%.
De 2004 para 2005, a ONU
registrou pouca alteração nos
dados da educação para o Brasil. Nesse caso, Flávio Comin,
assessor especial do Pnud, alerta que os dados de 2005 não foram atualizados a tempo de entrar no relatório deste ano, o
que explica essa estagnação.
Numa comparação mais
abrangente, considerando só os
141 países com dados comparáveis de 2000 a 2005, o Brasil
perdeu seis posições (da 51ª para a 57ª). Já na comparação de
dez anos (1995 a 2005) com 144
países, o país teria caído apenas
uma posição (da 57ª para a 58ª).
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