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QUALIDADE DE VIDA
Lula sugere taxação do petróleo, diz ser abençoado e elogia Bolsa Família
Representante da ONU afirma que liderança do presidente mostrou ser possível "conter o ciclo de injustiça"
Para petista, eventual tarifa
sobre petróleo no mercado
mundial incentivaria o uso
do etanol brasileiro feito a
partir da cana-de-açúcar
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em evento ontem de lançamento do relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), que
neste ano enfoca as mudanças
climáticas, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva sugeriu a
taxação do petróleo no mercado mundial como uma forma
de incentivar o uso do etanol
brasileiro produzido a partir da
cana-de-açúcar.
A declaração do presidente é
um recado direto aos Estados
Unidos, importadores de petróleo e produtores do etanol a
partir do milho, tipo de combustível que, segundo a ONU,
não evita a emissão de gás carbônico ao longo do processo de
plantio, colheita e produção.
"Vejam que absurdo: para
que o Brasil exporte o seu etanol para algum país do mundo,
tem uma sobretaxa enorme,
quase dobrando o preço do
nosso álcool. Entretanto o petróleo comprado dos países de
petróleo não paga nenhuma taxa. Cadê o equilíbrio comercial? Cadê a vontade de despoluir o planeta? Cadê a vontade
de diminuir a emissão de gases
de efeito estufa? Poderia começar taxando o petróleo."
Lula disse que os EUA continuarão produzindo etanol a
partir do milho porque "quem
vota nos EUA são os produtores de milho". "Se depender de
cada nação tomar as decisões a
partir das suas necessidades internas, os EUA vão continuar
produzindo etanol de milho,
porque quem vota nos EUA são
os produtores de milho, e por
isso é importante subsidiar, em
detrimento de outras coisas
que podem produzir álcool
com muito mais eficácia."
Kevin Watkins, redator principal do relatório do Pnud e defensor de um imposto para a
emissão de gás carbônico, mostrou-se simpático à idéia de Lula. "O etanol baseado na cana-de-açúcar produzido no Brasil
é mais barato, mais eficiente e
tem um impacto maior na redução das emissões do que o
etanol baseado no milho produzido nos Estados Unidos".
Antes de falar, Lula ouviu
elogios de dois representantes
do Pnud. O primeiro foi o próprio Kevin Watkins. "Levando
em conta sua liderança nos últimos anos, acredito que testemunhamos um avanço extraordinário em muitas dimensões
do desenvolvimento humano",
disse Watkins, citando o Bolsa
Família como exemplo. "Sob
sua liderança, o Brasil mostrou
que, sim, é possível conter o ciclo de injustiça e estabelecer
um novo rumo de ações de desenvolvimento."
Os elogios a Lula prosseguiram com Kemal Dervis, administrador do Pnud. "O Brasil é
uma exceção [diante do crescimento da desigualdade em outros países] e por isso gostaria
de parabenizar o presidente
Lula e o seu governo", afirmou.
O lançamento mundial do relatório ocorreu ontem no Brasil
a convite do Palácio do Planalto, segundo as Nações Unidas.
O evento, porém, foi esvaziado.
Apenas um terço das 450 cadeiras disponíveis no Salão Nobre
do Planalto estavam ocupadas
-quatro delas pelos ministros
Marina Silva (Meio Ambiente),
Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Altemir Gregolin (Pesca).
Em sua fala, Lula disse que
gostaria de acompanhar como
"ouvinte" o lançamento do relatório de 2012, para que assim
possa receber em mãos os números completos de sua gestão
(2003-2006 e 2007-2010).
"Eu já não estarei mais presidente da República do meu país
porque o mandato termina no
dia 31 de janeiro de 2010", disse, antes de completar: "Somos
abençoados por Deus por governar o Brasil neste momento
que estamos vivendo".
Embalado pelos elogios da
ONU, Lula colocou o Bolsa Família no topo de um ranking
pessoal de programas de transferência de renda. "Não sei se
existe em algum outro lugar do
mundo um programa de transferência de renda com a seriedade do Bolsa Família, sobretudo a seriedade no cadastro."
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