São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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COMENTÁRIO

País faz "básico do básico" e avança por inércia

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil entra pela porta dos fundos no último lugar do pelotão dos países considerados de "Alto Desenvolvimento Humano". Com um IDH de 0,800 cravados (a "nota mínima" para estar no grupo) e alta de apenas 0,002 em relação a 2004, o país passou a barreira por inércia. Contribuiu principalmente o aumento na expectativa de vida, que subiu a 71,7 anos. Nada demais, já que a tendência aparece em inúmeros países.
O Brasil ficou na 70ª posição, ainda bem atrás de vários latino-americanos. Os dados mostram que o país apenas melhorou no "básico do básico", em que seria preciso muita incompetência para poder piorar.

Bolsa Família
Kevin Watkins, coordenador do relatório, lembrou da importância do Bolsa Família na evolução do IDH brasileiro de 2005. É muito provável que o dado tenha nova melhora no ano que vem, quando serão conhecidos números de 2006.
Foi no período eleitoral do ano passado que o governo federal universalizou o Bolsa Família, chegando a 11,1 milhões de lares, e consolidou uma política agressiva de aumento do salário mínimo, com forte impacto sobre os beneficiários da Previdência e trabalhadores.
Com isso, Lula levou a reeleição e embicou o Brasil no grupo de "Alto Desenvolvimento Humano". Não é preciso procurar muito, porém, para encontrar um certo estranhamento nessas frias estatísticas.

Nível de renda
Um dos dados mais importantes para o dia-a-dia da população de um país é o seu nível de renda, que permite amenizar diretamente carências que o Estado não consegue suprir.
No caso brasileiro, é importante lembrar que apenas no ano passado o país voltou a ter um rendimento médio real do trabalho equivalente ao de 1999: R$ 888,00 ao mês.
Enquanto o IDH subia a conta-gotas nos últimos dez anos, o rendimento do trabalho no Brasil desceu a um fosso de R$ 792,00 ao mês em 2003 e 2004, recuperando só agora o terreno perdido. Mais gritante ainda é a distância, em termos de PIB per capita, entre Brasil e a média do pelotão de IDH alto em que agora está inserido: US$ 8.402 contra US$ 23.986.


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