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Cineasta diz que foi "brincadeira'; citados dizem "não se lembrar"
DA REPORTAGEM LOCAL
O publicitário Paulo de Tarso
Santos e o ex-chefe do Gabinete
Regional da Presidência da República em São Paulo José Carlos Espinoza disseram ontem
não se lembrar da conversa em
1994 em que o então candidato
à Presidência pelo PT, Luiz
Inácio Lula da Silva, teria dito
que tentou "subjugar" um colega de cela quando esteve preso
pela ditadura, em 1980.
Os dois foram citados pelo
editor e ex-fundador do PT César Benjamin em artigo publicado ontem na Folha. Ele disse
ter ouvido a história de Lula
durante almoço em uma produtora de TV de São Paulo, em
que o publicitário e o ex-assessor teriam sido testemunhas.
No artigo, Benjamin disse
que havia outro publicitário,
cujo nome não se lembrava. O
cineasta Silvio Tendler confirmou à coluna de Mônica Bergamo que era ele o terceiro
personagem e reconheceu ter
presenciado a conversa. Mas,
para ele, "aquilo foi uma brincadeira, uma piada" de Lula
(leia a coluna na página E2).
Espinoza, localizado por telefone, disse que não havia lido
o artigo. "Em princípio, não estou nem conseguindo identificar do que ele [Benjamin] esteja falando, não sei o que poderia ser. Estou completamente
desinformado, não vi o jornal,
não li a matéria", disse.
"Eu sinceramente não me
lembro do episódio. Todas as
nossas produtoras sempre foram em São Paulo, isso é verdade. Agora, não sei do que se trata, estou até meio abobado sobre o que você está falando.
Nunca ouvi nada disso. Estou
completamente perplexo, não
me lembro desse americano,
quanto mais da conversa com
Lula", disse Espinoza.
O "americano" seria um outro publicitário que também
teria ouvido a conversa, segundo Benjamin. Em nota, o publicitário Paulo de Tarso afirmou
que o americano se chamava
Erick Ekwall, e que teria sido
indicado ao PT pelo empresário Oded Grajew. Ouvido pela
Folha, Grajew disse não se
lembrar da recomendação.
Na nota, Paulo de Tarso diz:
"Confirmo a informalidade do
almoço, mas absolutamente
não confirmo qualquer menção
sobre os temas tratados no artigo. Não compreendo qual a intenção do articulista em narrar
os fatos como narrou".
O então delegado do Dops e
hoje senador Romeu Tuma
(DEM) negou, por meio da assessoria, que tenha ocorrido alguma agressão entre os presos.
Três ex-companheiros de cela de Lula no Dops, José Maria
de Almeida (PSTU), José Cicote (PT) e Rubens Teodoro, negaram ter presenciado situação
semelhante à narrada no artigo. Almeida disse que não havia
ninguém do MEP (Movimento
pela Emancipação do Proletariado) na cela.
Cicote, que também nega terem ocorrido agressões na cela
e chamou o texto de "absurdo",
se recorda de tratar um dos
presos por "MEP", um sindicalista de São José dos Campos.
Ele não foi localizado para comentar o assunto.
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