São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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Cineasta diz que foi "brincadeira'; citados dizem "não se lembrar"

DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário Paulo de Tarso Santos e o ex-chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo José Carlos Espinoza disseram ontem não se lembrar da conversa em 1994 em que o então candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, teria dito que tentou "subjugar" um colega de cela quando esteve preso pela ditadura, em 1980.
Os dois foram citados pelo editor e ex-fundador do PT César Benjamin em artigo publicado ontem na Folha. Ele disse ter ouvido a história de Lula durante almoço em uma produtora de TV de São Paulo, em que o publicitário e o ex-assessor teriam sido testemunhas.
No artigo, Benjamin disse que havia outro publicitário, cujo nome não se lembrava. O cineasta Silvio Tendler confirmou à coluna de Mônica Bergamo que era ele o terceiro personagem e reconheceu ter presenciado a conversa. Mas, para ele, "aquilo foi uma brincadeira, uma piada" de Lula (leia a coluna na página E2).
Espinoza, localizado por telefone, disse que não havia lido o artigo. "Em princípio, não estou nem conseguindo identificar do que ele [Benjamin] esteja falando, não sei o que poderia ser. Estou completamente desinformado, não vi o jornal, não li a matéria", disse.
"Eu sinceramente não me lembro do episódio. Todas as nossas produtoras sempre foram em São Paulo, isso é verdade. Agora, não sei do que se trata, estou até meio abobado sobre o que você está falando. Nunca ouvi nada disso. Estou completamente perplexo, não me lembro desse americano, quanto mais da conversa com Lula", disse Espinoza.
O "americano" seria um outro publicitário que também teria ouvido a conversa, segundo Benjamin. Em nota, o publicitário Paulo de Tarso afirmou que o americano se chamava Erick Ekwall, e que teria sido indicado ao PT pelo empresário Oded Grajew. Ouvido pela Folha, Grajew disse não se lembrar da recomendação.
Na nota, Paulo de Tarso diz: "Confirmo a informalidade do almoço, mas absolutamente não confirmo qualquer menção sobre os temas tratados no artigo. Não compreendo qual a intenção do articulista em narrar os fatos como narrou".
O então delegado do Dops e hoje senador Romeu Tuma (DEM) negou, por meio da assessoria, que tenha ocorrido alguma agressão entre os presos.
Três ex-companheiros de cela de Lula no Dops, José Maria de Almeida (PSTU), José Cicote (PT) e Rubens Teodoro, negaram ter presenciado situação semelhante à narrada no artigo. Almeida disse que não havia ninguém do MEP (Movimento pela Emancipação do Proletariado) na cela.
Cicote, que também nega terem ocorrido agressões na cela e chamou o texto de "absurdo", se recorda de tratar um dos presos por "MEP", um sindicalista de São José dos Campos. Ele não foi localizado para comentar o assunto.


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