São Paulo, sábado, 28 de novembro de 1998

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SEM SIGILO
Teste feito por especialistas descobriu escuta na linha privada do gabinete do ministro da Administração
Telefone de Bresser estava grampeado

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília


Testes feitos por uma empresa especializada em escuta telefônica na semana passada no Ministério da Administração indicaram que o telefone privativo do ministro Luiz Carlos Bresser Pereira estava grampeado.
Por enquanto, o ministério está tratando a descoberta do grampo como suspeita. Na terça-feira, policiais federais farão uma varredura na central telefônica do Mare para confirmar a existência do grampo na linha particular do ministro, além de investigar se há outros telefones grampeados.
A descoberta do suposto grampo aconteceu por acaso. No fim da semana passada, representante de uma empresa paulista especializada na venda de equipamentos de escuta telefônica procurou o chefe de gabinete de Bresser Pereira para demonstrar seus produtos.
Entre eles, um aparelho que permite a um dos interlocutores gravar conversa telefônica e outro que detecta a existência de grampos.
A primeira linha a ser testada pelo detector de grampos foi justamente a privativa do ministro -usada para conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso e outras autoridades. Em menos de 10 minutos, foi constatado que havia grampo.
"Iniciamos o teste pelo telefone privativo do ministro porque era o que tinha maior probabilidade de estar grampeado. O técnico instalou o detector na linha e, assim que tiramos o aparelho do gancho, acendeu a luz indicando que havia grampo", contou José Walter Bastos, chefe de gabinete do ministro.
O grampo foi retirado e a Polícia Federal vai investigar o caso.
Assim que os técnicos da empresa deixaram o Mare, os assessores do ministro entraram em contato com Vicente Chelotti, diretor-geral da PF, solicitando uma varredura geral no prédio.
Bresser não estava presente na hora em que o suposto grampo foi detectado, mas foi comunicado.
Além testar se havia grampo, os técnicos da empresa demonstraram aos assessores do ministro equipamentos que podem ser usados para gravar conversas.
Segundo Bastos, nenhum dos aparelhos testados foi comprado pelos assessores de Bresser, mas os técnicos combinaram de retornar ao ministério na segunda-feira.
Bastos afirmou não se lembrar do nome da empresa. "Só sei que tinha sede em São Paulo", disse.
O assessor do ministro afirmou que ficou interessado na demonstração da empresa por causa do grampo nos telefones do ex-presidente do BNDES André Lara Resende e do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros.



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