São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

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Governo Yeda vive crise antes de começar

Pacote que aumenta impostos é rejeitado por membros da coalizão de tucana no Rio Grande do Sul

LÉO GERCHMANN

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O pacote econômico anunciado pela governadora eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), com aumento de impostos, congelamento de salários e prorrogação do ""tarifaço" existente atualmente (que venceria no próximo dia 31) causou uma forte crise na coalizão de apoio à tucana.
O próprio líder do PSDB na Assembléia Legislativa gaúcha, deputado Ruy Pauletti, adiantou que votará contra o projeto, que foi apresentado pelo governador Germano Rigotto (PMDB), que não se reelegeu, a pedido de Yeda.
Outros aliados próximos manifestaram sua contrariedade. Os secretários indicados Marquinho Lang (PFL), da Justiça e Inclusão Social, e Berfrand Rosado (PPS), do Planejamento, já renunciaram, antes mesmo de tomar posse oficialmente. Os dois alegaram constrangimento com as medidas.
Durante a campanha eleitoral, Yeda afastou a hipótese de aumentar impostos, dizendo que implementaria ""um novo jeito de governar".

PFL
Um dos críticos é o vice-governador eleito, o empresário Paulo Afonso Feijó (PFL), que disse não pretender deixar o governo em razão da discordância. ""Aumento de imposto é aumento do custo de vida das pessoas", afirmou ele.
Se Feijó diz que permanecerá no governo, o mesmo não foi feito por seu partido, o PFL, uma das três siglas que formaram o principal núcleo de apoio da governadora eleita durante as eleições, além do próprio PSDB e do PPS.
O líder da bancada do PFL na Assembléia, Reginaldo Pujol, disse ontem que o assunto será discutido pelo partido hoje, em reunião às 11h.
""Durante toda a campanha eleitoral, o PFL foi claro ao dizer que era contra o aumento de impostos. Cabe agora negociação para um termo comum. Devemos nos esforçar para ficar solidários com a governadora e participar do governo mediante alguns retoques [no pacote]", disse Pujol.
"Somos responsáveis também por sua eleição e temos que assumir o ônus de eventuais medidas que podem preservar o Estado de uma situação de ingovernabilidade."

Empresariado
Entre os empresários, cujas entidades apoiaram Yeda na disputa de segundo turno contra o petista Olívio Dutra, a rejeição ao pacote econômico é praticamente unânime.
""Vamos ser duros e tentar, dentro do modelo democrático, que o pacote não seja aprovado", afirmou ontem o presidente da Federasul (Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul), José Paulo Cairoli.
""Será penoso", comentou o presidente da Associação Brasileira de Agronegócios no Estado, Antônio Wünch.
O novo governo gaúcho justifica as medidas dizendo que elas representam economia de R$ 1,45 bilhão, abatendo o rombo previsto, de R$ 2,3 bilhões.
"Pode representar desconforto inicial, mas representa uma parte pequena perto do que vamos fazer como incentivo de trabalho e renda", disse a governadora eleita.


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