São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tela quente

O governo federal prevê gastar R$ 534 milhões em publicidade em 2009, de acordo com o Orçamento aprovado pelo Congresso. É essa a soma da verba de promoção da imagem do governo, de R$ 155 milhões, vinculada à Secretaria de Comunicação (Secom), com os R$ 379 milhões em despesas de publicidade espalhadas pelos vários ministérios, gerenciadas de forma autônoma. Na conta não se inclui a verba de estatais, que têm orçamento próprio.
O valor total é 35% maior do que o previsto pela Presidência e ministérios na peça orçamentária de 2008, quando a propaganda oficial somou R$ 395 milhões. O titular da Secom, Franklin Martins, diz que a publicidade dos ministérios é só para "utilidade pública".



Filé mignon. A principal fatia da propaganda dos ministérios está concentrada em pastas como Cidades, Saúde e Educação. O resultado da maior das licitações sai logo no começo do ano: R$ 120 milhões de um contrato das Cidades com três agências para uma campanha sobre segurança no trânsito.

Casquinha. Mesmo os menores ministérios incluíram no Orçamento algum dinheirinho para publicidade. A Secretaria da Pesca prevê gasto de R$ 6 milhões, ou 12 vezes o valor de 2008. A Secretaria dos Portos vai gastar R$ 150 mil, e a de Igualdade Racial, outros R$ 100 mil.

Quebra-molas. Apesar do alto número de mortes nas estradas no fim de ano, o Orçamento prevê apenas R$ 369 milhões para o item "segurança pública nas estradas federais" no ano que vem. Em 2008, foram R$ 641 milhões.

Plano B. Como a a reforma tributária está difícil, a área econômica do governo tem na manga outros projetos para 2009. Coloca como prioridade a aprovação da "Lei de Responsabilidade de Pessoal", limitando a 2,5% por ano o crescimento da folha do funcionalismo federal.

Repeteco. Além disso, o Ministério da Fazenda pretende insistir, já no primeiro semestre, na criação de uma política nacional de salário mínimo, com regras permanentes de reajuste, baseadas na inflação e no crescimento do PIB.

Enviado. Ex-ministro da Saúde e deputado federal, Alceni Guerra (DEM-PR) será o secretário de Planejamento no segundo mandato do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Percorrerá o Estado para organizar a possível candidatura do chefe ao governo.

Orelha ardendo. Lula não deve ir ao Fórum Social Mundial, mas estará no centro dos debates. O evento antiglobalização, em Belém (PA), no final de janeiro, terá painéis organizados por sindicatos para discutir financiamento federal da educação e o tratamento aos servidores públicos.

Welcome. Mesmo dizendo-se independente, o evento vai contar com uma forcinha do governo. O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) eliminou a cobrança de visto de entrada para os participantes estrangeiros.

Teto. Para reduzir despesas médicas, a Câmara dos Deputados estuda fazer convênios com hospitais de ponta (os preferidos dos parlamentares), estabelecendo limite de despesas. Acima disso, o deputado pagaria do bolso.

Racha. Depois de PT e PSDB, agora é o PP que vive uma crise na disputa pelas lideranças partidárias na Câmara. O deputado Gerson Peres (PA) questionou judicialmente a recondução do atual líder, Mário Negromonte (BA). A alegação é de que fere o estatuto do partido.

Luxo. O PAC da Copa do Mundo de 2014, a ser lançado em abril, será generoso com quem chega ao Rio em navios de cruzeiro. Uma das ações prioritárias é a reforma do terminal turístico do porto.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O presidente tenta projetar otimismo, mas faz um chamado à imprudência. Num momento de crise e incerteza, é irresponsabilidade incentivar as pessoas a gastarem."

Do deputado federal LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES) , sobre a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que as pessoas consumam.

Contraponto

Ouvido musical

Em 1983, início do governo André Franco Montoro (PMDB), em São Paulo, funcionários do Instituto de Pesquisas Tecnológicas acamparam nos jardins do Palácio dos Campos Elíseos, pressionando por reajustes salariais. Eles cantavam paródia de "Aurora", de Mário Lago, com críticas ao governador. Com deficiência auditiva, o secretário Einar Kok, de Ciência e Tecnologia, acompanhava atentamente a manifestação, pela janela de seu gabinete.
Ao ver a cena, um assessor perguntou se deveria chamar a PM para expulsar os manifestantes. Avesso à repressão, Kok respondeu, rindo:
-Não! Eu só quero saber a letra da musiquinha...


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