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Mesmo depois
de exonerado,
Luiz Carlos Santos continuou a
usar carro oficial
e assessores do
ministério
Ministro volta a ser deputado por um dia para votar a favor da reeleição
PAULO SILVA PINTO
da Sucursal de Brasília
O ministro Luiz Carlos Santos
(Assuntos Políticos) foi exonerado
ontem para reassumir seu mandato de deputado federal e votar a favor da emenda constitucional que
permite a reeleição do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Como deputado, Santos
(PMDB-SP) continuou usando assessores do ministério e carro oficial, embora com discrição.
Em vez da placa de bronze, indicando o cargo de ministro, o Tempra preto que Santos usou ontem
tinha uma placa comum
(JDR-1831, de Brasília). O carro
pertence ao Ministério Extraordinário de Assuntos Políticos.
Segundo a assessoria de Santos,
ele foi à Câmara ainda como ministro, levando o ofício para reassumir o mandato. Depois, disse a
assessoria, dispensou o carro.
Não é verdade. Às 14h, ele foi da
Câmara ao seu apartamento na
Asa Sul, bairro de Brasília, no
Tempra oficial. Depois disso, voltou à Câmara e saiu de novo no
mesmo carro.
`Momento histórico'
Santos disse que não reassumiu
o mandato parlamentar por necessidade de votos favoráveis. "Eu
quis participar deste momento
histórico'', disse.
Mas seu suplente, Pedro Yves
(PMDB-SP), que era indeciso, foi
surpreendido com a perda repentina do mandato. ``Fizeram isso
sem conversar'', disse.
Assessores do líder do PMDB,
Michel Temer (SP), disseram que
Yves não foi encontrado na noite
de segunda-feira para explicar seu
voto e por isso foi substituído.
Procurado por Pedro Yves, Santos disse que não pretende ficar na
Câmara dos Deputados depois da
votação do primeiro turno da votação da reeleição.
Santos começou o dia no Congresso com reuniões na liderança
do governo na Câmara e depois na
presidência da Casa.
Seu percurso no corredor foi interrompido duas vezes por conversas bem-humoradas com deputados petistas.
``Se mandaram você para cá, é
porque está faltando voto. Acho
que você não é o ministro extraordinário, é o ministro da emergência'', disse José Genoino (PT-SP).
``Que nada, eu vim para cá só
para ter um dia de alegria. Pensei
que você iria dizer que estava com
saudades de mim'', respondeu
Santos.
Trocas
Santos é o mais famosos dos três
deputados que voltaram à Câmara
para votar a favor da emenda.
Na segunda-feira, Ayrton Xerez
(PSDB-RJ) foi exonerado de seu
cargo de secretário de Habitação e
Assuntos Fundiários do Estado do
Rio de Janeiro.
Ocupou ontem o lugar de Laura
Carneiro (PFL-RJ), que votaria a
favor da reeleição, mas não pôde
viajar a Brasília devido à sua gravidez de alto risco.
Júlio Redecker (PPB-RS) foi
substituído em 13 de janeiro por
um voto garantido a favor da reeleição: Telmo Kirst (PPB-RS), que
deixou o cargo de secretário de
Habitação do Rio Grande do Sul.
Um dos últimos atos de Luiz
Carlos Santos no cargo de ministro foi tentar convencer o líder do
PTB, Vicente Cascione (SP), a votar a favor da emenda.
A tentativa foi frustrada. Cascione reafirmou sua posição contrária à reeleição logo no início da
conversa, anteontem à noite.
"Acho que o ministro se sentiu
inibido e percebeu que nem adiantaria insistir no assunto'', disse.
Colaborou Marta Salomon, da Sucursal de Brasília
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