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Nomeações do terceiro escalão são congeladas
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Vencida a fase de ocupação
dos postos de primeiro e de segundo escalão, o governo decidiu pisar no freio. Para desassossego dos petistas, ávidos por
"participação", os cargos do
terceiro escalão para baixo serão loteados vagarosa e cuidadosamente. A ordem veio do
Palácio do Planalto.
Para evitar marolas de última
hora, as principais nomeações
foram congeladas até o próximo final de semana, quando
serão eleitos os presidentes da
Câmara (o petista João Paulo
Cunha) e do Senado (o neopetista José Sarney). Depois, serão processadas em ritmo de
conta-gotas. O PT deve levar
menos do que gostaria.
A parte mais vistosa do butim
soma cerca de 600 cargos. Muitos oferecem um diferencial
que os torna atrativos: o manuseio do talão de cheques. A
maioria abriga apadrinhados
de parlamentares egressos da
base que deu suporte a Fernando Henrique Cardoso. Gente
do PMDB, PFL e PSDB.
Dono de uma base congressual fluida, mais frágil do que a
de FHC, o governo trabalha para cooptar votos nas trincheiras
"inimigas". Quer dar ao PMDB
status de partido integrado oficialmente à nova administração, com direito a cargos.
Embora formalmente de
"oposição", PFL e PSDB também podem conservar postos.
Sob o discurso oficial que repele a barganha, prevalece no Planalto uma prática que leva em
conta a relação custo-benefício.
Considera-se que não convém
comprar brigas com os que fizerem acenos de boa vontade.
A estratégia exclui casos de
trocas "inadiáveis". Exemplo: o
ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) deu posse há três
dias ao novo diretor-geral do
Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca),
Eudoro Walter de Santana. Seu
antecessor, José Francisco Rufino, fora apadrinhado por Pinheiro Landim (PMDB-CE), às
voltas com suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.
Dúvidas eventuais serão dirimidas por José Dirceu (Casa
Civil). Uma questão envolve o
líder do PMDB na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA). No
acordo costurado por Dirceu
para assegurar a eleição de Sarney (PMDB-AP) à presidência
do Senado, reservou-se para
Geddel a primeira vice-presidência da Câmara.
Decorrido um mês da posse
de Lula, Geddel mantém intacta a cota de cargos públicos que
amealhou sob FHC, que inclui
a presença do pai, Afrísio Vieira Lima, à frente da Codeba
(Cia das Docas do Estado da
Bahia). O petismo baiano cobiça as posições de Geddel. Deve
obtê-las, sob aplausos de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), inimigo de Geddel.
Insatisfeito com as "sobras"
de terceiro escalão, o PMDB
"lulista" quer mais. Olha com
apetite para a pasta dos Transportes, hoje dirigida por um
Anderson Adauto (PL-MG)
que está cai-não-cai. Ao compor o seu ministério, Lula chegou a convidar para os Transportes o senador Pedro Simon
(RS). Peemedebista "independente", Simon recusou a oferta.
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