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OPERAÇÃO ANACONDA
Alberto Toron alega razões de foro íntimo
Advogado discorda de estratégia e abandona defesa de Rocha Mattos
MÁRIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Alberto Zacharias
Toron anunciou ontem que deixará de defender o juiz federal
João Carlos da Rocha Mattos das
acusações levantadas pela Operação Anaconda. Toron alegou razões de foro íntimo.
Desde a véspera do Natal, quando Rocha Mattos enviou à Justiça
cartas nas quais ameaçava fazer
denúncias contra autoridades do
Judiciário, do Executivo e da Polícia Federal, Toron vinha discordando dos métodos que o cliente
empregava para se defender
-embora reconheça que o juiz
tem bom conhecimento jurídico.
"Há argumentos jurídicos para
defender Rocha Mattos, não posso aceitar a chantagem como estratégia", disse, na época. "Isso
não faz parte do meu trabalho."
A gota d'água foi a decisão de
Rocha Mattos de tentar um habeas corpus no STF (Supremo
Tribunal Federal). Como Toron
discordou, argumentando que o
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
seria o caminho mais adequado,
Rocha Mattos contratou outra advogada para atuar no STF. Ela, então, fez o que o cliente pediu.
Horas antes de tomar a decisão,
Toron acompanhou o juiz em depoimento no TRF (Tribunal Regional Federal). Ao deixar a audiência, criticou a estratégia do
Ministério Público Federal de oferecer cinco denúncias contra o
seu cliente em vez de unificá-las
numa peça inicial.
"São absolutamente artificiais
as cinco denúncias. São tão artificiais que a Justiça designou uma
única relatora", afirmou Toron,
referindo-se à desembargadora
Therezinha Cazerta, do TRF.
Ontem, ela interrogou o juiz pela segunda vez. Segundo o advogado, o interrogatório foi uma repetição do que ocorrera na semana passada.
Rocha Mattos foi denunciado
pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva, prevaricação (não
cumprir com os deveres inerentes
à função que ocupava) e peculato
(usar cargo público para obter
vantagens pessoais).
Advogados criticam essa estratégia do Ministério Público por
considerá-la mais apropriada para "freqüentadores de cassino".
Com a divisão, se perdem em
uma denúncia, podem ganhar em
outra; se houvesse uma única acusação, as chances seriam menores. Procuradores refutam a pecha de jogadores, argumentando
que a divisão serve para tipificar
melhor o suposto crime.
"É uma estratégia vergonhosa
do Ministério Público. É afrontoso", qualificou o advogado.
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