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Patrocínio de estatais para Fórum Social é de R$ 850 mil
Evento não ocorreria no Brasil sem apoio de empresas do governo, diz fundador
Para participantes, ligação com as instituições pode direcionar politicamente o encontro; contrapartida para empresas é publicitária
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM
Quatro empresas estatais
contribuíram com R$ 850 mil
para a organização do Fórum
Social Mundial deste ano, que
acontece até o dia 1º de fevereiro em Belém (PA).
Petrobras (R$ 200 mil), Banco do Brasil (R$ 150 mil), Caixa
Econômica (R$ 400 mil) e Eletronorte (R$ 100 mil) afirmam
que a contrapartida do patrocínio foi publicitária -anúncios
no material impresso do encontro e nos locais onde as palestras são realizadas.
No caso do Banco do Brasil,
houve também o acerto para
que a instituição fosse o banco
oficial do evento.
Nas placas espalhadas pela
UFPA (Universidade Federal
do Pará) e pela UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia), os dois principais locais
onde o encontro acontece, a reportagem viu os logotipos da
Petrobras e da Caixa, mas nenhum da Eletronorte.
A questão de como bancar o
fórum é polêmica. Como o encontro se pretende apartidário,
há participantes que dizem que
a vinculação com empresas gerenciadas pelo governo federal
cria a possibilidade de que ele
seja, do ponto de vista político,
"chapa branca".
Em 2003, por exemplo, o
evento conseguiu arrecadar
R$ 1,8 milhão com Petrobras e
Banco do Brasil -valor já corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Para as edições de 2004 e
2005 do fórum, a Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais) recebeu, em valor também corrigido, cerca de R$ 640 mil dos
Correios por meio da SMPB
Comunicação, agência de publicidade de Marcos Valério. O
publicitário é acusado de ser o
articulador financeiro do esquema do mensalão.
À época, a associação se disse
"perplexa" e afirmou que desconhecia a possibilidade de que
o dinheiro pudesse ter uma origem irregular.
Autofinanciamento
Para Cândido Grzybowski,
do Ibase (Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas), fundador do evento, "não
haveria fórum no Brasil" se não
houvesse apoio de estatais.
"Mas este ano foi o que teve o
menor valor [das estatais]", disse. Segundo Grzybowski, a "pequena" ajuda das empresas ligadas ao governo federal é resultado de uma maior eficiência do autofinanciamento -pelo qual as próprias entidades
que compõem o Fórum Social o
financiam por meio, por exemplo, do pagamento de taxas de
participação.
Grzybowski nega que os investimentos feitos pelas estatais direcionem a orientação
política do encontro. "Não há
condicionamento. Nunca me
impuseram nada como agenda.
A Petrobras não faz outros patrocínios?", afirmou.
Além dos valores das estatais,
o Fórum Social atraiu para cidade de Belém investimentos
públicos -dos governos federal
e estadual- recordes, de aproximadamente R$ 145,3 milhões
para as áreas de infraestrutura,
segurança e saúde.
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