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QUESTÃO AGRÁRIA
Cutrale diz que é seu o material apreendido com sem-terra
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM AGUDOS
A Cutrale identificou como sendo da empresa os fertilizantes, defensivos agrícolas, furadeiras e galões de lubrificante apreendidos pela
Polícia Civil com pessoas ligadas ao MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) em ação policial
realizada na terça-feira, na
região de Iaras (SP).
Na ação, batizada de Operação Laranja, foram expedidos 20 mandados de prisão
para suspeitos de envolvimento em invasão e depredação da fazenda da Cutrale
ocorridas entre setembro e
outubro do ano passado. Foram presos nove sem-terra,
sendo dois em flagrante por
porte ilegal de armas.
Segundo o delegado de
Agudos (SP), responsável pelo inquérito, Jader Biazon, o
material apreendido na operação em assentamentos e na
casa de alguns dos presos foi
identificado por meio de números de lotes por um representante da Cutrale, na noite
de anteontem.
Os dois presos em flagrante pagaram fiança e deixaram a cadeia. Já os sete presos por suspeita de participação na invasão continuam
detidos. Outros 13 sem-terra
são considerados foragidos.
Gilmar Mauro, um dos
coordenadores do MST, disse não acreditar que o material apreendido tenha sido
furtado pelos sem-terra.
"Precisa ver se isso é verdade
ou não", afirmou.
Ontem, durante o Fórum
Social Mundial, em Porto
Alegre, o líder do MST, João
Pedro Stedile, disse que a
operação da Polícia Civil teve
"motivação política".
Segundo ele, a ação foi estimulada pela proximidade da
reabertura dos trabalhos do
Congresso, onde está em
curso uma CPI que investiga
as atividades do MST.
Stedile também chamou
Jader Biazon de "pau mandado do governo".
Invocando o "passado de
esquerda" do governador José Serra (PSDB-SP), ele disse
que São Paulo não vai resolver o problema dos sem-terra com o uso da polícia.
O dirigente afirmou ainda
que movimentos sociais farão campanha contra sucos
da Coca-Cola, principal compradora da Cutrale, porque
eles têm "gosto de injustiça e
repressão".
Em resposta à fala de Stedile, Biazon disse que seu
trabalho é baseado "na lei" e
que não é influenciado pela
política. Ele afirmou que vai
tomar conhecimento das declarações oficialmente para
depois decidir quais providências irá tomar.
Colaborou GRACILIANO ROCHA , da Agência
Folha, em Porto Alegre
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