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CASO CECI CUNHA
Deputados vêem indício de envolvimento de Talvane Albuquerque
Comissão aprova cassação de deputado acusado de crime
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
A comissão de sindicância da Câmara, que aprovou ontem o pedido de cassação do deputado Talvane Albuquerque (sem partido-AL), apresentou supostos indícios
do envolvimento do parlamentar
na morte da deputada Ceci Cunha
(PSDB-AL), assassinada em 16 de
dezembro do ano passado.
A comissão acredita ter obtido o
que a Polícia Civil de Alagoas e a
Polícia Federal ainda não conseguiram. A comissão identificou
supostas contradições nos depoimentos dos assessores do deputado, Jadielson Barbosa da Silva,
Alécio Alves e José Bezerra Júnior.
"O deputado Talvane (Albuquerque) tem participação no episódio", disse o deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP). "Há
indícios fortes de que os assessores
estão envolvidos", completou o relator da comissão, deputado Robson Tuma (PFL-SP). Ao ser indagado pela Folha sobre as conclusões da comissão, o deputado disse
apenas: "Nada a declarar".
O novo delegado responsável pelo inquérito, Paulo Brás, da Polícia
Civil de Alagoas, pediu um encontro com Tuma. Ele estava ontem
em Brasília para tomar o depoimento de Barbosa da Silva e Alves,
presos na Superintendência da Polícia Federal.
No entendimento de deputados
da comissão, a história se resume
da seguinte maneira: Albuquerque
teria procurado o pistoleiro Maurício Guedes Novaes, o "Chapéu de
Couro", para matar o deputado
Augusto Farias (PFL-AL) por R$
200 mil. Como o deputado teria
adiantado apenas R$ 500 e não a
parcela de R$ 50 mil acertada, o
pistoleiro procurou Farias para
vender a informação.
Ainda segundo os deputados,
após o crime, os assessores teriam
ido para Arapiraca, onde enterraram os coletes à prova de bala usados na morte da deputada. Depois
teriam fugido para Brasília em
companhia de Albuquerque.
No depoimento à comissão, Barbosa da Silva contou que comprou
dois coletes à prova de bala, enterrou-os e, posteriormente, quando
estava foragido, pediu para um parente desenterrá-los e destruí-los.
Segundo os parlamentares, os assessores do deputado foram contraditórios ao tentar explicar o que
fizeram entre 18h e 20h30 no dia da
morte de Ceci Cunha.
Para acusar Albuquerque de falta
de decoro, a comissão levou em
conta o que considera uma relação
promíscua entre o deputado e o
pistoleiro, a compra de coletes à
prova de balas de contrabandista e
a ajuda na fuga dos assessores com
prisão preventiva decretada.
"É certo que ele (Albuquerque)
se relacionou promiscuamente
com criminosos para a prática de
crime. O deputado Augusto Farias
era a primeira vítima", disse Greenhalgh. A Mesa da Câmara deve
enviar o pedido de cassação à CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) em fevereiro, depois da posse
do novo Congresso.
A comissão desistiu de pedir punição de Farias, apesar de considerar que o parlamentar errou ao ter
denunciado Albuquerque de querer matá-lo apenas depois da morte de Ceci Cunha.
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