São Paulo, sexta, 29 de janeiro de 1999

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OPOSIÇÃO
Ex-tucano se reúne com FHC por quase uma hora e diz que não é hora de trocar nomes da equipe econômica
Ciro defende controle de fuga de capitais

da Sucursal de Brasília


O ex-candidato do PPS à Presidência em 98, Ciro Gomes, defendeu ontem a adoção de controle sobre a fuga de capitais brasileiros para o exterior, após encontro de quase uma hora com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Quem está sangrando o Brasil são brasileiros, endinheirados brasileiros", disse ele, negando-se a revelar o teor de sua conversa com o presidente. "Sobre esse assunto se faz, não se fala", acrescentou.
Ciro criticou a demissão do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco no início deste ano durante o ataque especulativo. Disse que não é o momento para a troca de nomes na equipe econômica e negou que aceite qualquer convite para participar do governo.
Ciro manteve o primeiro encontro com FHC desde que abandonou o PSDB e partiu para a oposição em setembro de 1997.
A iniciativa do encontro partiu de FHC. Na semana passada, o presidente revelou ao senador Roberto Freire (PE), presidente do PPS, que tinha interesse em conversar sobre a crise econômica com o ex-ministro da Fazenda no final do governo Itamar (1992-94).
"A crise faz isso (o encontro de adversários políticos)", disse o senador. "Nós sempre estivemos abertos ao diálogo. Não há nenhum preconceito do PPS de conversar com todas as forças políticas", afirmou.
O encontro foi agendado pelo governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou que o governador cearense falou que Ciro também gostaria de falar com FHC. Ciro aceitou o convite, mas exigiu que o encontro fosse realizado em audiência no Palácio do Planalto.
Ciro ajudou a elaborar documento com alternativas à crise, apresentado ao presidente no início deste mês durante audiência concedida ao senador Roberto Freire e ao deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
Um dos principais pontos do documento endossado por Ciro prega a renegociação da dívida interna para abrir perspectivas à redução das taxas de juros. O porta-voz disse que "o governo tem grandes dificuldades quanto a isso".
O governador disse que é necessária o estabelecimento de novo pacto fiscal e a criação de poupança interna para enfrentar a crise e déficit da Previdência. "A cobrança dos inativos não irá solucionar isso", afirmou ele.



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