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Ministro é o 5º a completar mandato
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
Com o término do primeiro
mandato de quatro anos do presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro Pedro Malan passou
a ser o quinto ministro da Fazenda
a ocupar o cargo durante todo um
mandato presidencial em 109 anos
-desde a proclamação da República.
Desde o início da crise, FHC por
diversas vezes foi obrigado a reafirmar a permanência de Malan no
Ministério da Fazenda porque o
chamado mercado tratava sua demissão como iminente.
Se resistir na pasta por mais três
anos e um dia -uma eternidade
depois da crise que abalou o Plano
Real- Malan ultrapassará o recorde de longevidade de sete anos
seguidos no cargo de um ministro
da Fazenda, em posse do atual deputado Antonio Delfim Netto
(PPB-SP), passando, então, a ser o
"czar" da economia da República
brasileira.
Delfim Netto foi ministro da Fazenda de 15 de março de 1967 a 15
de março de 1974, durante os governos militares do general Arthur
da Costa e Silva (15 de março de
1967 a 31 de agosto de 1969) e do
general Emílio Garrastazu Médici
(30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974).
Entre esses dois governos, houve
um hiato de dois meses, período
em que o país foi dirigido pela Junta Militar. Em 31 de agosto de 1969,
Costa e Silva, vítima de uma trombose, teve de deixar o governo, vindo a morrer três meses depois.
Mário Henrique Simonsen, morto em 11 de fevereiro de 1997, foi
quem chegou mais perto do recorde de Delfim Netto. Simonsen comandou a Fazenda durante os cinco anos do mandato do governo
Ernesto Geisel (15 de março de
1974 a 15 de março de 1979).
Antes de Malan, Simonsen e Delfim, apenas dois ministros da Fazenda ficaram do início ao fim dos
mandatos de seus presidentes: José
Leopoldo de Bulhões Jardim, nos
quatro anos do governo Rodrigues
Alves (15 de novembro de 1902 a 15
de novembro de 1906) e Homero
Batista, nos três anos e quase quatro meses do governo Epitácio Pessoa (28 de julho de 1919 a 15 de novembro de 1922).
Dois outros ministros ficaram na
Fazenda durante a vigência do
mandato presidencial, mas podem
ser considerados casos à parte porque, efetivamente, tratava-se do
mesmo governo.
David Morethson Campista foi o
ministro da Fazenda do governo
Affonso Penna (15 de novembro de
1906 a 14 de junho de 1909). Com a
morte de Affonso Penna em 1909,
antes do término de seu mandato,
assumiu o vice-presidente Nilo Peçanha.
José Leopoldo de Bulhões Jardim
assumiu, então, a Fazenda, em que
permaneceu durante 17 meses até
a conclusão do mandato original
de Affonso Penna.
De acordo com o estudo "Séries
Históricas - Inflação", da Andima
(Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), desde a
proclamação da República até hoje, o país teve 88 ministros da Fazenda (incluindo os interinos). Rui
Barbosa foi o primeiro, em 1889.
Esse total dá uma média de um ministro a cada 14 meses.
²
"Reinados"
Segundo a Andima, uma característica comum entre os cinco ministros da Fazenda que ficaram no
cargo durante todo o mandato é
que eles "reinaram" em tempos de
inflação baixa ou declinante.
À guisa de um exercício de comparação da inflação sob os ministros da Fazenda, a Andima padronizou as taxas de cada período,
usando o índice IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro. De acordo com o estudo, a
inflação é, certamente, "um dos
mais tristes capítulos da história
do Brasil".
Partindo de trabalhos que analisaram a inflação desde a época do
Império (1829) até o mês de agosto
de 1993, um ano antes da introdução do Plano Real, a Andima chegou a uma estimativa "berrante".
A inflação no país durante todo
esse período chegou a a quase "sete
quinquilhões por cento"
(6.666.178.625.954.199.552%).
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