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FIM DE MANDATO
Deputado perdeu eleição para senador em 98
Campos se despede e ataca "mesmice"
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
O deputado Roberto Campos
(PPB-RJ), 81, despediu-se ontem
de 16 anos de vida parlamentar
(oito no Senado e oito na Câmara) dizendo estar frustrado com a
"insuportável mesmice" da política brasileira. Campos volta, como ele definiu, à atividade "intelectual e professoral".
Ele disse que a constatação o levava a fazer um "retrospecto melancólico", fruto também do reconhecimento do "fracasso de
uma geração" em promover o
desenvolvimento sustentado no
país. Campos se candidatou ao
Senado no ano passado. Perdeu a
vaga para Saturnino Braga (PSB),
ficando sem mandato.
Campos recordou que, quando
chegou ao Senado, em 1983, os
assuntos mais importantes eram
moratória e recessão. "Dezesseis
anos depois, os temas inquietantes voltam a ser recessão e crise
cambial." Em seu balanço, colocou lado a lado o Brasil e a Rússia, países com "potencial cintilante e desempenho opaco".
"A Rússia foi uma superpotência que depois submergiu, descobrindo, afinal, que era apenas um
país de Terceiro Mundo, com um
Exército de Primeiro Mundo",
disse. "O Brasil é uma potência
emergente que ainda não emergiu. Continua sendo um país
com grande futuro no seu passado. Tendo chegado a produzir o
oitavo PIB, deixou-se ultrapassar
pela China e pela Espanha."
Brasil e Rússia vivem crises
econômicas semelhantes. No ano
passado, depois de assinar um
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Rússia
decretou a moratória de sua dívida e a crise no país se agravou.
O Brasil passou a ser visto como o país candidato a sofrer a
próxima crise, que chegou neste
mês, com a liberação do câmbio,
alta da taxa de juros e temores de
volta da inflação.
A explicação para o contraste
entre "o potencial de riqueza e a
pobreza do desempenho", para
Campos, são "deformações culturais, erros comportamentais e
a armadilha do meio sucesso".
As deformações, ele resumiu
como a "doença dos ismos" (nacionalismo, populismo, estruturalismo econômico, estatismo e
protecionismo). Os "erros comportamentais" são descritos como a falta de uma abertura econômica antes da política, nos
anos 80, e a reserva de mercado
da informática. Para simbolizar o
"meio sucesso", elegeu, entre outros problemas, o Plano Real, que
derrubou a inflação, mas retardou soluções de política cambial
e combate ao déficit público.
Duas dezenas de deputados fizeram apartes ao discurso de
Campos, que durou mais de uma
hora e teve de ser resumido.
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