São Paulo, sexta, 29 de janeiro de 1999

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Crise muda rotina das embaixadas no Brasil

Alan Marques/Folha Imagem
Milos Alacalay, embaixador da Venezuela no Brasil, em seu gabinete


RICARDO MIRANDA
da Sucursal de Brasília

A crise brasileira, com seus reflexos sobre os parceiros comerciais do Brasil, mexeu com a rotina de embaixadas e representações diplomáticas em Brasília.
Relatórios quase diários são enviados para detalhar a situação econômica brasileira, enquanto diplomatas procuram, além do Itamaraty, parlamentares e economistas brasileiros para tentar entender o que se passa no país.
Na Embaixada do Reino Unido, os relatórios analisando a conjuntura econômica brasileira são enviados ao FCO (Foreign and Commonwealth Office), o ministério das relações exteriores do país. Nos "piores dias" da crise, segundo a embaixada, relatórios são enviados várias vezes ao dia, por fax, telex e e-mail (correio eletrônico).
Na Embaixada dos EUA, o trabalho "triplicou", nas palavras de um diplomata.
No Itamaraty, os telefones da Subsecretaria Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior estão entre os mais requisitados. O assunto é o mesmo: a crise brasileira.
"Todo mundo está de olho no que se passa aqui em Brasília. A embaixada é uma janela aberta sobre o país", disse Lucio Taglione, adido de imprensa da Embaixada da Itália, que tem recebido ligações de empresários italianos angustiados com a situação brasileira.
Na Embaixada da Venezuela, país para onde o presidente Fernando Henrique Cardoso viaja na próxima semana para a posse do presidente eleito Hugo Chávez, além das tradicionais análises diárias sobre a conjuntura política brasileira, têm sido enviados informes especiais sobre a crise brasileira. Desde a semana passada, já foram dois desses relatórios.
O embaixador da Venezuela, Milos Alacalay, tem informado diretamente Chávez sobre a crise. "Nossas antenas estão orientadas a acompanhar essa tempestade. Mas sabemos que depois de toda tempestade sempre aparece o sol."
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Recepções nas embaixadas
Os mais assediados para esclarecimentos são os membros da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, e os locais preferidos são as frequentes recepções em embaixadas, que reúnem diplomatas dos quatro cantos do mundo.
Na semana passada, o deputado Átila Lins (PFL-AM), ex-presidente da comissão e um dos mais visados, esteve em uma recepção na Embaixada do Japão. Foi cercado pelos diplomatas dos tigres asiáticos. "O grande prato foi a crise brasileira. Eles perguntam muito, querem saber se o Congresso vai dar apoio às reformas", disse Lins.



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