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Iminência de greve apressou decisão de ministro
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
A iminência de uma greve de
juízes apressou a decisão do ministro Nelson Jobim, do Supremo
Tribunal Federal, sobre o auxílio-moradia. A decisão foi tomada no
domingo pela manhã, segundo a
Folha apurou.
Na sexta-feira, Jobim já havia
antecipado ao presidente do Supremo, Carlos Velloso, que estava
"propenso" a conceder a liminar.
Jobim considera que o auxílio-moradia pago pela Câmara e pelo
Senado não é verba indenizatória,
mas sim verba remuneratória.
Com base nessa interpretação, o
ministro concedeu a liminar à Associação dos Juízes Federais do
Brasil incluindo o auxílio-moradia na base de cálculo para efeito
de equivalência entre os Poderes.
A decisão foi comunicada a Velloso às 13h do domingo. Com a
decisão, Jobim encaminhou um
ofício comunicando que as consequências administrativas que decorressem da sua decisão não deveriam ser incluídas na sua remuneração pessoal.
Jobim recebe R$ 9.600 pelo Supremo, R$ 1.920 pelo Tribunal Superior Eleitoral e mais R$ 680 como professor da UnB. No total,
recebe R$ 12.200.
Com sua decisão, ele teria um
aumento de R$ 520 na sua remuneração.
Entre os 11 ministros do STF, Jobim é o único que ocupa apartamento funcional. Ele mora no
bloco B da Superquadra 313, no
único apartamento do Supremo
que não foi vendido aos seus ministros durante o governo Fernando Collor. Jobim paga R$
1.100 de taxa de ocupação e mais
R$ 500 de condomínio.
Para o ministro, não cabe recurso contra a sua liminar. A sua decisão poderia ser contestada apenas pelos presidentes dos tribunais (Supremo e Superiores), que
são os réus na ação movida pela
associação de juízes.
A sua decisão só poderá ser revista quando houver a apreciação
do mérito em plenário.
Jobim negociou um acordo para a fixação do teto de R$ 12.720
desde novembro de 99. Retomou
as negociações no dia 9 de janeiro
deste ano, em conversa com o
presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
A Câmara não queria assumir
sozinha o ônus de decidir o aumento. Jobim propôs a possibilidade de se fazer um abono. Temer
respondeu: "O abono eu banco".
O Executivo também aceitou.
Mas o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), atacou a proposta.
Na semana passada, o Supremo
acabou inviabilizando a remessa
da proposta do abono, que nada
mais era do que a antecipação do
teto de R$ 12.720.
Inviabilizado o abono, a associação de juízes federais entrou
com uma petição, pedindo urgência na decisão da liminar. Jobim
concedeu a liminar.
Para Jobim, não importa o fato
de que nem todos os parlamentares recebem o auxílio-moradia.
Ele alega que a maioria recebe e
que essa verba é parte da remuneração dos deputados e senadores.
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