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JUDICIÁRIO
Dirigente sindical diz que funcionalismo vai se espelhar no exemplo dos juízes para obter reajuste
Servidor já ameaça greve por aumento
free-lance para a Folha
e da Sucursal de Brasília
O exemplo dos juízes federais,
de se concederem um aumento
disfarçado de auxílio-moradia de
até R$ 3.000, por meio de liminar
feita pelo ministro Nelson Jobim,
do Supremo Tribunal Federal, está mobilizando os servidores públicos federais.
Eles se reúnem hoje à tarde, em
Brasília, para definir a estratégia
da campanha salarial deste ano e
tirar desde já um indicativo de
greve para a categoria.
A reunião foi convocada pela
Confederação dos Trabalhadores
do Serviço Público Federal, representante de 1,2 milhão de funcionários públicos.
Campanha
"Os juízes são a nossa cunha
(apoio). Se eles estão com problemas de moradia, nós estamos até
sem comida à mesa, sem reajuste
há cinco anos e com o poder de
compra reduzido a um terço", declarou Pedro Armengol, secretário de Administração da confederação.
Segundo Armengol, a confederação quer deflagrar uma campanha salarial por reposição de pelo
menos 60% de perdas salariais e
que deve desembocar, em 1º de
maio, com uma greve, "caso o governo insista em nos manter sem
reajuste e sem negociar".
"Desde já", segundo o secretário da entidade, "vamos tirar um
indicativo de greve".
"Imoralidade"
O secretário-geral do Sindisep
(Sindicato dos Servidores Públicos Federais), Francisco Machado, considerou "uma imoralidade" a concessão de liminar prevendo o pagamento de auxílio-moradia no valor de R$ 3.000 aos
juízes.
"Enquanto a maioria da população tem uma proposta de aumento miserável para ao salário
mínimo, os magistrados têm um
aumento de R$ 3.000", declarou
Machado.
O maior aumento proposto, até
agora, para o salário mínimo é de
aproximadamente R$ 44. O valor
atual do mínimo é de R$ 136,00. E
sua correção será em maio.
O auxílio aos magistrados é, segundo Machado, o dobro do salário mais alto que ganha um servidor público com PhD (doutorado).
"Em plena campanha salarial
da nossa categoria, o governo estende a mão para os magistrados,
aceitando a tese do teto salarial e
atendendo à pressão dos juízes".
Segundo Machado, a concessão
será explorada, como "um tempero a mais", na luta dos servidores por reposição salarial.
Os servidores públicos federais
estão há mais de cinco anos sem
reajuste.
Isenção
Já o presidente do Sindilegis
(Sindicato dos Trabalhadores no
Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União), Mauro
Dantas, disse que não é contra a
liminar que os juízes conseguiram prevendo um auxílio-moradia de até R$ 3.000.
"Acho, pessoalmente, que os
juízes estão ganhando mal, o que
é um absurdo" afirmou.
Para Dantas, por causa dos
atuais salários dos magistrados,
"não se pode cobrar, deles, isenção".
Na sua avaliação, a situação facilita os subornos.
Dantas lembrou que os servidores filiados ao seu sindicato estão
há seis anos sem reajuste.
Mas, mesmo assim, segundo o
dirigente, não se pretende criar
nenhum obstáculo para o pagamento do auxílio-moradia.
Ele acha que é preciso reivindicar melhoria salarial.
"Vamos nos espelhar no exemplo dos juízes e nos mobilizar por
melhores salários", declarou.
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