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AJUSTE FISCAL
Eventual acerto com o FMI daria folga no caixa do Tesouro
Governo estuda reavaliar
meta para contas públicas
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O governo já admite discutir
uma revisão para baixo da meta
de superávit primário fixada para
este ano, de R$ 36,77 bilhões, por
causa da redução da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto, conjunto das riquezas produzidas pelo país).
O superávit primário do setor
público é quanto União, Estados,
municípios e empresas estatais
vão economizar este ano para pagar os juros da dívida pública.
"Não sei se é adequado se pensar em qualquer revisão dos números, mas acho que é uma discussão válida tendo em vista que a
nossa moldura mais geral de política fiscal -que é a trajetória da
relação dívida/PIB- tem tido um
comportamento mais favorável
que o esperado", disse o secretário-executivo do Ministério da
Fazenda, Amaury Bier.
Apesar de Bier evitar comentar
o assunto, a revisão da meta de
superávit pode representar uma
folga no caixa do Tesouro. Essa
sobra poderia, por exemplo, ser
destinada para cobrir despesas
extras com um aumento do salário mínimo acima do que a equipe econômica estava projetando.
Bier diz, porém, não ver espaço
para abrir mão de receita ou aumentar a despesa sem contrapartida. Ou seja, cortes de gastos ou
desempenho melhor do que esperado da arrecadação.
Sobre o valor do salário mínimo, afirmou que o governo vai
discutir "essa questão tecnicamente, olhando aspectos de política fiscal, de mercado de trabalho
e impactos sobre inflação".
O objetivo do programa de
ajuste fiscal é manter a dívida pública em 46,5% do PIB. Mas esse
objetivo, segundo o acertado com
o FMI (Fundo Monetário Internacional), só seria alcançado em
2001. No final do ano passado, porém, essa relação chegou a 46,9%.
Apesar de considerar importante a revisão das metas, Bier lembrou que, para este ano, a parte do
governo federal no superávit primário, que é equivalente a 2,6%
do PIB, foi fixada pela LDO (Lei
de Diretrizes Orçamentárias).
Ele informou ainda que, na
quinta revisão do acordo com o
FMI, também deverão ser discutidas novas formas de avaliação trimestral das metas de inflação.
Essa revisão começará logo
após o Carnaval com a chegada de
uma missão técnica do Fundo.
No final do ano passado, a equipe econômica acreditava que a inflação acumulada em 12 meses no
segundo e terceiro trimestres ficaria acima das metas acertadas.
Isso ocorreria por causa da desvalorização cambial que elevou as
taxas de inflação a partir do segundo trimestre do ano passado.
Para alcançar as metas previstas,
as taxas de inflação do início de
2000 teriam de ser muito baixas
para compensar o ano passado.
"O comportamento mais recente da inflação me deixou muito
mais tranquilo em relação a esse
tema", disse Bier, referindo-se às
taxas já apuradas para os meses
de janeiro e fevereiro.
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