São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consórcio anglo-sueco aceita trabalho conjunto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fabricante do caça Gripen, o consórcio anglo-sueco Gripen International, afirma que está pronto para trabalhar em conjunto com a Embraer caso seu avião seja escolhido pela FAB.
A informação é do vice-presidente para a América Latina da British Aerospace Systems, a sócia da sueca Saab no consórcio Gripen, Erik Hjelm. (IG)

Folha - Qual sua perspectiva para a reta final da licitação?
Erik Hjelm -
As melhores possíveis. Nós fizemos uma ótima oferta à FAB. Já temos a autorização total do governo sueco para a transferência de tecnologia.

Folha - Mas uma das críticas em relação ao Gripen é justamente que muitos de seus sistemas, em especial os de armas, são feitos pelos EUA -ou seja, sujeitos a vetos.
Hjelm -
O projeto do Gripen é sueco. Uma vez pronto, fomos buscar nossos parceiros no mundo todo. Temos parceiros sul-africanos, alemães, norte-americanos, entre outros. Mas o controle da tecnologia, e o que fazer com ela, é nosso.
Você tem razão quanto a eventuais restrições ao uso de armamento norte-americano. Nesse caso, se assim a FAB desejar, poderá usar mísseis de outros países.

Folha - E a questão da baixa autonomia do Gripen?
Hjelm -
Nosso avião pode ser reabastecido. Não aceito a crítica de que ele tem alcance menor que o Mirage ou o F-16. Tem alcance menor que o Sukhoi, é verdade, mas o Sukhoi gasta muito mais combustível. A hora-vôo do Gripen custa US$ 2.300.

Folha - Mas aí há um problema logístico, que é o custo de manter o avião-tanque no ar e o próprio fato de haver apenas quatro deles no Brasil.
Hjelm -
Nesse caso, a vantagem é que podemos espalhar nosso avião em vários pontos do país, em bases pequenas.

Folha - A África do Sul é o principal mercado do Gripen fora da Suécia. O fato de o Brasil ser parte de um eixo diplomático e comercial com a África do Sul [e Índia], o G3, ajuda algo para vocês?
Hjelm -
Empresas sul-africanas participam ativamente do projeto Gripen [peças do avião são feitas no país]. Aqui, podemos nos associar com quem o governo federal quiser.

Folha - A Embraer?
Hjelm -
A Embraer, se assim o governo quiser. Nós faremos tudo o que a FAB nos pedir. Se quiserem cooperação com o CTA (Centro Tecnológico da Aeronáutica) ou com a Embraer, tanto faz. Quando o ministro José Viegas disse que a indústria aeronáutica do Brasil terá lugar na concorrência, qualquer que seja o vencedor, foi isso que entendemos.

Folha - Qual sua proposta de compensação comercial?
Hjelm -
Não posso entrar em detalhes, mas posso dizer que ultrapassamos os 100% de contrapartidas que a FAB exigia. Na parte extra-avião, lembro que a Saab é do grupo Investor, o maior da Suécia e que abriga empresas de vários setores da economia do país. As possibilidades são várias.


Texto Anterior: Defesa aérea: Concorrentes disputam união com Embraer
Próximo Texto: Para russos, proposta não tem precedentes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.