São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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Para russos, proposta não tem precedentes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do grupo Sukhoi, Mikhail Pogosyan, afirma que a proposta militar e comercial na oferta do caça multifunção Su-35 "não tem precedentes" por integrar ao produto um acordo de compensações comerciais de até US$ 3 bilhões. Em entrevista à Folha durante sua passagem pelo Brasil, na semana retrasada, Pogosyan defendeu tanto o produto quanto o suporte pós-venda. (IG)

Folha - Qual sua expectativa sobre a F-X? O Brasil está trabalhando em um acordo maior com a Rússia, envolvendo commodities e tecnologia espacial. Como o sr. vê isso?
Mikhail Pogosyan -
Nossa participação na licitação é realizada de forma paralela à dinâmica do desenvolvimento das relações entre Brasil e Rússia, sendo parte integral desse contato. Depositamos muitas esperanças na licitação.

Folha - O senhor pode comparar sua proposta de offset com a dos seus concorrentes?
Pogosyan -
Só posso falar do que nós oferecemos. Nosso offset direto inclui a construção de um centro de técnica e manutenção e de transferência de tecnologia supersônica, permitindo a aquisição de capacidade de design e construção desse tipo de avião. Além disso, há o offset indireto, que irá transferir mais de 40 tipos de tecnologia relacionada à área aerospacial, em especial espaço. Podemos dizer que o pacote de propostas é sem precedentes.

Folha - O senhor fala em um centro de US$ 240 milhões. O quão sólida é a proposta? Ele não seria condicionado à eventual aquisição de mais aviões?
Pogosyan -
A proposta está no papel, oficial. O centro permitirá exportar e explorar efetivamente os aviões em todo o seu ciclo vital. O desenvolvimento dos aparelhos, ao longo de sua vida, poderá criar postos de trabalho.

Folha - A FAB diz que o F-X visa criar um novo padrão na sua frota ao longo dos anos. Mas tal medida implicaria a incorporação dos armamentos russos aos equipamentos ocidentais, como o caça tático F-5. Essa integração não seria muito custosa?
Pogosyan -
No processo dos trabalhos conjuntos com nossa parceira Avibrás, à margem da licitação, nós estudamos detalhadamente as possibilidades de fazer essa integração. Ela é claramente qualificada para isso.

Folha - Vocês estão dispostos a negociar com a Embraer?
Pogosyan -
Sim, totalmente.

Folha - Críticos temem problemas, caso a Sukhoi ganhe, com sobressalentes e suporte pós-venda. A agência de notícias Reuters divulgou no fim do ano que houve problemas com motores dos Sukhoi-30 feitos sob licença na Índia. O que senhor tem a dizer?
Pogosyan -
É difícil falar sobre a notícia porque ela não é real. Não houve problemas. Sobre o suporte, posso dizer que nossa proposta traz um esquema flexível de fornecimento de peças sobressalentes, que permite assegurar o uso ininterrupto do avião. Nós também propomos criar o centro de manutenção, em paralelo com o fornecimento de peças.


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