São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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Sistema via telefone não passa pelo BC

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a "cooperativa de laranjas" ser desvendada pela força-tarefa, o envio de dinheiro para o exterior foi substituído pelo telefone e pelo fax, num sistema considerado mais sofisticado e difícil de ser rastreado: o "Dolar-Cabo".
A operação que, segundo o jargão financeiro, define os parâmetros de compra e venda da moeda usada na transferência direta para o exterior ou do exterior via ordem de pagamento, é feita sem o manuseio do dólar e não passa pelo Banco Central.
Trata-se de um sistema de compensação internacional, cujos únicos vestígios ficam nos computadores e documentos dos próprios banqueiros. O sistema funciona com dois caixas com valores disponíveis para a transação: um no Brasil e outro no exterior.
"Imagine a quantidade de dinheiro que já tem fora do país. Um doleiro do Rio, por exemplo, tem US$ 1 milhão, US$ 2 milhões, US$ 10 milhões fora do país. Se um cliente quer remeter dinheiro para o exterior, o doleiro não fará nenhuma transição financeira, só vai creditar o valor para o cliente diretamente", disse o procurador Vladimir Aras, de Foz do Iguaçu.
O crédito dessa operação é feita por fax, telefone ou pela internet.
"Há o caminho inverso: o dinheiro que ficou com o doleiro no Brasil será usado para aquele que quer resgatar o dinheiro creditado no exterior", afirmou Aras.
O rastreamento da transação financeira ilegal fica limitado à quebra do sigilo telefônico ou a buscas e apreensões em escritórios utilizados pelos doleiros.


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