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Denúncia diz ser "indubitável" ação de Palocci
Em peça enviada a STF, procurador-geral lista telefonemas trocados entre ministro e subordinados antes de caseiro ter sigilo quebrado
Existem seis telefonemas da Fazenda para "Época" no dia em que extrato de caseiro foi divulgado, mas Palocci nega ter ordenado violação
ANDRÉA MICHAEL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A denúncia do Ministério
Público Federal no caso do caseiro Francenildo dos Santos
Costa diz ser "incontroversa" e
"indubitável" a constatação de
que houve uma quebra ilegal de
seu sigilo bancário por parte do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, do ex-presidente
da Caixa Econômica Federal
Jorge Mattoso e do ex-assessor
de imprensa de Palocci, Marcelo Netto.
Para sustentar a denúncia
(acusação formal que, se acatada pela Justiça, se transforma
em processo), o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, lista vários telefonemas trocados e encontros
mantidos entre os três nas horas que antecederam a publicação, no site da revista "Época",
da notícia de que Francenildo
tinha movimentação financeira incompatível com a renda.
Antonio Fernando lista seis
telefonemas da Fazenda para a
revista "Época" no dia 17 de
março de 2006, data da publicação da reportagem, nos horários de 10h03, 12h33, 12h40,
15h38, 16h43 e 17h40. A notícia
foi divulgada no site pouco antes das 19h. Além disso, relata
12 ligações entre Palocci e seu
assessor de imprensa, um dia
antes, e mais nove no dia 17.
Segundo a denúncia, a quebra ilegal do sigilo se deu às
20h58 do dia 16. Nesse mesmo
dia, por volta das 23h, os documentos teriam sido entregues
por Mattoso a Palocci.
Francenildo foi o pivô do escândalo que derrubaria Palocci
depois que, em entrevista ao
jornal "Estado de S. Paulo", disse ter testemunhado reuniões
do ministro em uma casa de
Brasília com ex-assessores de
Ribeirão Preto e lobistas.
Segundo o Ministério Público, a quebra do sigilo foi estratégia de Palocci para provar que
o caseiro estaria sendo pago para fazer as acusações contra ele.
O procurador-geral une as
trocas de telefonemas para dizer que a quebra do sigilo do caseiro foi ordenada por Palocci e
cumprida por Mattoso.
O advogado de Palocci, José
Roberto Batochio, nega que o
ex-ministro tenha ordenado a
quebra. Diz que ele soube da
movimentação "atípica" na
conta do caseiro horas depois
de o extrato ter sido impresso e
ordenou a Mattoso que adotasse as medidas "previstas na lei".
A Folha não conseguiu falar
ontem com os advogados de
Marcelo Netto e de Jorge Mattoso e não encontrou ninguém
na revista "Época" que pudesse
falar sobre o episódio.
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