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Após conflito, MST bloqueia estradas em AL
Sem-terra, que têm apoio de outros dois movimentos, protestam contra ataque em fazenda que deixou nove agricultores baleados
Proprietário da fazenda onde ocorreu o confronto está preso e foi transferido para Maceió por questão de segurança, afirma advogado
Maikel Marques/"Gazeta de Alagoas"
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Sem terra bloqueiam a AL-220 em Giral do Poceano (AL); houve protestos em outras 4 estradas |
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOAQUIM GOMES (AL)
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Um dia após nove integrantes do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) de Alagoas terem sido
baleados durante a invasão de
uma fazenda na região de Piranhas (275 km de Maceió), militantes de três movimentos
agrários bloquearam ontem
trechos de rodovias no Estado.
Os principais acessos a Maceió foram fechados antes das
8h de ontem e liberados após
duas ou três horas, segundo o
Centro de Gerenciamento de
Crise da Polícia Militar. Os
sem-terra colocaram fogo em
pneus e usaram galhos para
bloquear as estradas. A coordenação estadual do MST disse
que foram interditados nove
pontos de cinco rodovias para
chamar a atenção para o ocorrido. O movimento estimou em
5.000 os manifestantes.
A Polícia Rodoviária Federal
confirmou os bloqueios na BR-101, próximo a Joaquim Gomes, e na BR-104, próximo a
União dos Palmares. Segundo a
polícia, cerca de 130 pessoas estiveram nos dois protestos.
A Companhia de Policiamento Rodoviário, da PM de Alagoas, confirmou um bloqueio
na AL-101, próximo a Paripueira, mas, como os postos não
têm comunicação em tempo
real, só hoje poderiam informar sobre outros bloqueios. Segundo o MST, foram fechados
também trechos da AL-120, no
sertão, e AL-220, no agreste.
"A ação foi para dar visibilidade à violência sofrida pelos
trabalhadores. Quando é algo
que o MST faz, todo mundo fica
sabendo, mas quando algum de
nós sofre um atentado ninguém fala nada", disse José
Carlos Silva, da coordenação
estadual do MST em Alagoas.
O agricultor Quitério Cândido, 34, que mora no acampamento Feliz Deserto, do MST,
em Joaquim Gomes, saiu com
outros companheiros ontem
cedo para participar do bloqueio. "Quando é um fazendeiro que faz alguma coisa, a Justiça não toma providências."
Integrantes do Movimento
Terra, Trabalho e Liberdade e
do Movimento de Libertação
dos Sem Terra também protestaram em Joaquim Gomes,
União dos Palmares e Delmiro
Gouveia. "O que aconteceu no
sertão foi um absurdo", disse
Marco Antônio Silva, do MLST.
"Foi um ato covarde", disse Rafael Simão Carlos, do MTL.
Confronto
Anteontem, nove agricultores foram baleados durante invasão da fazenda Lagoa Comprida, em Piranhas. Segundo
relato de sem-terra à polícia,
Jorge Gonçalves, apontado como dono da propriedade, mandou pistoleiros atirarem.
Lenilson de Santana, advogado dele, nega. Gonçalves foi
preso em flagrante por tentativa de homicídio e transferido
de Delmiro Gouveia para Maceió. Segundo Santana, não havia segurança para seu cliente.
A Secretaria de Estado da Defesa Social, disse, por meio da
assessoria, que já adotou todas
as providências para esclarecer
o episódio. A Justiça Estadual
em Piranhas determinou que
as polícias Civil e Militar realizem buscas em fazendas e assentamentos da região à procura de armamentos.
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