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REFORMAS
Objetivo é tornar a Carta `enxuta'; direitos sociais serão afetados
Planalto já articula revisão
constitucional em 1999
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O comando político do governo
planeja uma ampla revisão na
Constituição para o início de um
eventual segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Além de exigir um número menor de votos, a nova etapa das reformas de FHC não excluiria nem
o capítulo dos direitos sociais.
A proposta de convocar uma nova revisão constitucional para fevereiro de 1999 vem sendo discutida pelo comando do PFL e do
PSDB e tem o aval do presidente.
``Tudo aquilo que, a pretexto de
representar um avanço, signifique
dificuldade econômica deve ser
discutido'', resume o deputado
Arthur Virgílio (PSDB-AM), secretário-geral do partido.
"O capítulo dos direitos sociais
tem de ser traduzido para a realidade: não queremos cassar direitos, mas não podemos ter direitos
irreais'', completou.
O Palácio do Planalto prefere
evitar discutir publicamente já a
revisão constitucional para não
atrapalhar ainda mais a complicada votação das reformas administrativa e da Previdência Social, que
vêm se arrastando no Congresso
há um ano e sete meses.
Depois de abrir setores estratégicos da economia -como telefonia, mineração e exploração do
petróleo- a investimentos privados e estrangeiros, e dar início à
reforma da administração pública
e das aposentadorias, os governistas calculam que ainda têm muito
o que mexer na Constituição.
A começar por torná-la mais
"enxuta" e com regras mais atrativas ainda aos investidores.
Maioria enxuta
O trabalho seria facilitado com a
redução do número de votos necessários às mudanças -de 308
deputados para 257, e de 49 senadores para 41- durante o período
da revisão.
Em vez de dois turnos de votação
na Câmara e no Senado, as mudanças seriam votadas em sessões
``unicamerais'' do Congresso.
As condições seriam as mesmas
da fracassada revisão de 1993. Se
aprovada, a proposta permitirá ao
governo abrir mão dos votos de
parte de atuais aliados.
"O governo poderia abrir mão
da maioria dos três quintos'', calcula o embaixador Jorge Bornhausen, que faz dupla com o também
pefelista vice-presidente Marco
Maciel na defesa da nova revisão.
"O governo estaria livre de muxoxos e arreganhos, dessa maioria
neurótica, sujeita a curtos-circuitos'', disse Virgílio, que reúne 171
assinaturas de deputados para levar a idéia adiante.
Sem consulta popular
Sem uma pauta definida para a
eventual revisão constitucional, as
cúpulas do PFL e do PSDB já se
acertaram nos detalhes da emenda
que terá de ser aprovada pelo Congresso ainda neste ano.
Tucanos e pefelistas são contra a
realização de um plebiscito popular para que os eleitores decidam
sobre a revisão constitucional junto com a escolha do futuro presidente, em outubro de 1998.
As cúpulas dos dois partidos recusam a proposta apresentada pelo senador Pedro Simon
(PMDB-RS), há seis meses.
Simon alega que, sem o apoio
dos eleitores, o Congresso não tem
como votar mudanças na Constituição com quórum mais baixo. O
senador propõe que também caiba
ao eleitor o poder de veto sobre as
mudanças, via referendo.
Outro consenso entre PFL e
PSDB é que uma reforma política
parcial ainda neste ano ajudaria
muito a nova etapa das reformas.
A prioridade é a fidelidade partidária. Segundo a regra em discussão no Senado, perderá o mandato
o parlamentar que trocar de partido. Desde 1995, mais de 140 deputados já trocaram de legenda. Na
legislatura passada, a prática atingiu quase metade do Congresso.
"A fidelidade partidária é fundamental'', insiste o relator da reforma política, senador Sérgio
Machado (PSDB-CE). Mudanças
mais profundas no sistema político, como o voto distrital misto, ficarão para depois do ano 2000.
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