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NA RIQUEZA E NA POBREZA
Parlamentares empregam maridos ou mulheres
Procuradoria vai propor ação contra nepotismo na Câmara
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Procuradoria da República no
Distrito Federal anunciou ontem
que vai pedir ao TCU (Tribunal
de Contas da União) a exoneração
dos cônjuges de deputados federais que ocupam cargos de confiança na Câmara.
Pivô das recentes notícias
envolvendo nepotismo -que é o
favorecimento a familiares no serviço público-, o presidente da
Câmara, Severino Cavalcanti
(PP-PE), deu ontem sinais dúbios
sobre o tema.
Primeiro, disse que o Ministério
Público deveria questionar a sua
própria classe. Depois, por meio
de sua assessoria de imprensa, o
deputado afirmou que apoiaria
um projeto para acabar com o nepotismo desde que a regra valesse
para os três Poderes.
Paralelamente a isso, enviou ofício a todos os líderes partidários
solicitando a indicação de deputados para uma comissão que tratará de um projeto que visa justamente beneficiar parentes de detentores de cargos públicos (leia
texto nesta página).
Campanha
Em linha oposta a essa, os presidentes das seccionais do Pará e de
Minas Gerais da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) querem
que a entidade realize uma campanha nacional contra o nepotismo. O assunto será discutido em
encontro nacional da Ordem nas
próximas quinta-feira e sexta-feira em Fortaleza.
As discussões em torno do nepotismo na Câmara voltaram à
tona depois que reportagens da
Folha revelaram as contratações
de parentes de Severino e do corregedor da Casa, Ciro Nogueira
(PP-PI). Anteontem, a última delas mostrou que 96 cônjuges de
deputados federais foram contratados para cargos de confiança na
Câmara nos últimos anos. Desses,
66 ainda estão empregados.
Exoneração
A representação que já está no
Tribunal de Contas da União trata
apenas de 18 parentes de Severino, de Nogueira e do senador
Efraim Morais (PFL-PB), deputado até o início de 2003.
Após a reportagem da Folha, o
Ministério Público afirmou que
fará um aditamento pedindo a
exoneração também dos cônjuges
listados na reportagem. Ontem, o
ministro Lincoln Magalhães da
Rocha, do TCU, recebeu a primeira representação em que é solicitada a exoneração.
A exemplo de deputados federais, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se posicionou favoravelmente à aprovação de uma regulação sobre o
tema, já que não há restrição em
lei para a contratação de parentes
por integrantes do Executivo e do
Legislativo.
"Não há legislação com relação
ao nepotismo. É importante que
tenha, já votamos isso na reforma
do Judiciário. Não tem nenhum
sentido que votemos para o Judiciário e não tenhamos uma forma
para regular esse assunto [no Legislativo]", afirmou.
Projetos
Tramitam na Câmara dos Deputados 11 projetos que tratam de
restrições ao nepotismo, incluindo um de autoria do hoje ministro
José Dirceu (Casa Civil).
Ele proíbe o nepotismo nos três
Poderes, com exceção de servidores concursados ou de pessoas cujo parentesco se der após a nomeação. Há outro, de autoria do
atual líder do governo na Casa,
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Apesar disso, dois outros projetos são tratados como de maior
probabilidade de tramitação.
O de autoria do presidente da
CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça), Antonio Carlos Biscaia
(PT-RJ), e o de autoria do então
senador Roberto Freire (PPS-PE),
atualmente deputado.
Esse último já foi aprovado no
Senado, mas foi declarado inconstitucional pela CCJ da Câmara. Recurso contra essa decisão
está desde 1999 aguardando votação pelo plenário da Casa.
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