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DINHEIRO PÚBLICO
Aliado político de peemedebista diz que Frangonorte estava em boa situação antes de repassá-la ao ministro
Ex-dono de empresa de Jucá nega dívidas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O responsável pelo recebimento dos quatro primeiros empréstimos concedidos pelo Basa (Banco
da Amazônia) à empresa Frangonorte, no total de R$ 2,16 milhões
em valores de 1995, era um aliado
político em Roraima do ministro
da Previdência, Romero Jucá, que
logo depois assumiu a empresa.
Hoje deputado estadual pelo
PPS, o engenheiro civil Paulo Sérgio Ferreira Mota foi candidato a
vice-governador de Roraima na
chapa de Getúlio Cruz na eleição
de 1994, ao mesmo tempo em que
Jucá era o candidato (vitorioso)
ao Senado apoiado por Cruz.
Em 4 de dezembro de 1994, Jucá
e Cruz assumiram a propriedade
da empresa, após Ferreira ceder-lhes suas ações e as de sua mulher.
Localizado ontem em Roraima,
por telefone, Ferreira preferiu não
dar entrevista. Disse apenas que
"não queria se envolver" no assunto e que, durante sua gestão, a
empresa Frangonorte estava em
situação normal, operando e sem
dívidas. "Nada deu errado [no
empreendimento], não. Quando
estava comigo, estava tranqüilo."
Indagado sobre o motivo pelo
qual, mesmo tendo uma empresa
em boa situação, resolveu cedê-la
a Jucá e Cruz, o deputado estadual
afirmou que apenas responderia
perguntas que fossem encaminhadas "por ofício" à Assembléia
Legislativa de Roraima.
Em entrevista gravada, concedida à Folha em 11 de março último,
antes de ser escolhido ministro da
Previdência, Jucá deu uma versão
bem diferente sobre a situação da
Frangonorte na época em que dela tornou-se sócio. Afirmou que
nada pagou para se tornar dono,
que apenas assumiu as ações da
empresa porque ela estava mergulhada em dívidas e ele tinha um
projeto para recuperá-la.
Com recursos do FNO (Fundo
Constitucional do Norte), fundo
de recursos públicos formado por
parcelas do IR (Imposto de Renda) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o Basa
concedeu quatro empréstimos à
Frangonorte, pertencente a Sérgio
Ferreira até 1994. Com valores
atualizados em 1995, os repasses
somavam R$ 2,16 milhões.
Em dezembro de 1994, Ferreira
passou suas cotas e as de sua mulher na empresa para Romero Jucá e Getúlio Cruz. Logo após a entrada dos dois novos sócios, o Basa recebeu uma proposta para recomposição da dívida. De quebra,
pediram mais R$ 1,5 milhão.
No final de 1995, quando Jucá já
era senador, o Basa aceitou assinar com ele e Cruz um termo de
confissão e "assunção" (ato de assumir) de toda a dívida. Dois dias
depois da assinatura, a empresa
de Jucá recebeu R$ 750 mil.
Em agosto de 1996, Jucá e Cruz
assinaram uma "re-ratificação"
do termo de assunção da dívida,
acrescentando como garantias sete propriedades rurais no Amazonas, registradas em nome de Luiz
Carlos Fernandes de Oliveira. Em
seguida, Jucá e Cruz tornaram-se
sócios de Oliveira e, depois, cederam todas as cotas para o empresário do Ceará.
(RV)
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