|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 2006
Segundo ex-presidente, pré-candidatura criou confusão para petista
Políticos "embrulharam"
reeleição de Lula, diz FHC
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que
políticos "embrulharam" o horizonte político da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o tucano, a despeito
dos bons resultados da economia,
há outros fatores que influirão em
2006 e que ainda é cedo. "A economia vai bem, mas isso depende
da população se sentir avançando
no dia-a-dia. Isso depende, em
parte, da economia, depende da
gestão e da política. E, quando os
políticos embrulham o jogo, isso
perturba tudo. E o jogo agora está
embrulhado", disse FHC ontem,
após almoço na Bolsa de Valores
de São Paulo em homenagem ao
filósofo italiano Norberto Bobbio
(1909-2004).
"Lula está apenas há dois anos
no governo. Como passei oito, sei
como o tempo corrói", afirmou.
FHC voltou a dizer que não será
candidato em 2006 "porque o
PSDB tem vários bons candidatos". Não quis responder se tinha
um favorito tucano na disputa e
disse ser um erro definir o nome
agora. "Você vê a confusão que já
deu o fato de o PT ter pré-lançado
Lula. Tudo o que ele faz agora é
porque está em campanha."
Sobre a disputa ao governo paulista, negou, mas ponderou: "As
coisas acontecem independentemente da nossa vontade. Não estou propondo isso, mas sou realista. Mas acho que não há probabilidade de que isso ocorra".
Molejo dialético
No discurso durante o almoço,
Fernando Henrique elogiou a inciativa da Bolsa de Valores, que
inaugurou ontem um centro de
estudos sobre Bobbio (leia texto
nesta página): "O presidente da
Bolsa conseguiu trazer as idéias
de Bobbio para uma instituição
que, aparentemente, nada tinha a
ver com a pregação dele".
FHC atribuiu a transferência de
idéias na Bolsa ao "molejo dialético" no Brasil -a expressão é título de uma música de Ferreria Gullar e Paulinho da Viola que brinca com os dogmas políticos.
"Uma vez eles estavam me perturbando por causa das contradições -as minhas, né?- Disse:
sou cartesiano. Mas nunca deixei
de ter esse pé no candomblé. Sem
isso, nada funciona no Brasil e
não sei se funciona na Itália. Imagino que não", disse o sociólogo,
para defender que esse seria um
dos motivos para a afinidade.
Para o ex-presidente, a maior
bandeira do filósofo foi a "convergência". Citou ter conversado, no
evento, com um ex-sindicalista
que agora era conselheiro da Bolsa. "É a convergência genérica",
brincou. Questionado se o governo Lula busca a convergência política, disse: "Não. O PT definiu
dois lados e está tentando fortalecer um lado".
Texto Anterior: Dinheiro público: Ex-dono de empresa de Jucá nega dívidas Próximo Texto: Bovespa cria "centro de estudos Bobbio" Índice
|