São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

À Polícia Civil, suposto mandante da morte da freira não fala nada

COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Três horas de perguntas e três horas de respostas que variaram do "não vou responder" ao "sobre isso não vou falar". O interrogatório prestado ontem de manhã pelo fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato de Dorothy Stang, não forneceu informação à Polícia Civil do Pará.
O posicionamento foi bem diferente do adotado no último domingo, quando o fazendeiro prestou depoimento à Polícia Federal durante cerca de seis horas.
O advogado de Bida, Américo Leal -conhecido por atuar em defesa dos oficiais da Polícia Militar que ordenaram o massacre de Eldorado do Carajás, em 1996-, disse que o silêncio é a estratégia que ele utilizará. "Para nós não interessa a Polícia Civil, porque o acusado presta esclarecimentos e depois eles [policiais] ficam elucubrando em cima daquilo como se o cara estivesse procurando um motivo para ser condenado. A Polícia Civil quer criar um criminoso, e isso não nos interessa."
Leal acredita que a polícia do Pará tem mostrado parcialidade e defende a federalização do crime. "Na mesma época em que assassinaram a missionária, assassinaram também outras pessoas na área, mas a polícia não quis nem saber disso. A Justiça tem que ser para todos. Por que beneficiar somente uma americana?"
Segundo o delegado Waldir Freire, que preside o inquérito da Polícia Civil, Bida e Amair Feijoli da Cunha, o Tato, poderão até ficar calados, mas a atitude não irá atrapalhar as investigações. "Para mim, é indiferente se o Tato e o Bida vão ficar calados. Eu sei que os outros dois [acusados] vão falar. Eu acho que eles vão se dar mal. Aliás, eu espero que eles se dêem mal", disse.
Freire ainda espera esclarecer as contradições que apareceram nos quatro depoimentos, entre eles a propriedade da arma do crime, o tempo que os pistoleiros ficaram escondidos no lote de Bida, a participação de outros fazendeiros e a insistência de Tato em declarar que agiu sozinho.


Texto Anterior: Terra sem lei: Polícia investiga mais 2 no caso Dorothy
Próximo Texto: Investigação da PF revela 64 tipos de irregularidades na unidade SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.