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À Polícia Civil, suposto mandante
da morte da freira não fala nada
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Três horas de perguntas e três
horas de respostas que variaram
do "não vou responder" ao "sobre
isso não vou falar". O interrogatório prestado ontem de manhã pelo fazendeiro Vitalmiro Bastos de
Moura, o Bida, acusado de ser o
mandante do assassinato de Dorothy Stang, não forneceu informação à Polícia Civil do Pará.
O posicionamento foi bem diferente do adotado no último domingo, quando o fazendeiro prestou depoimento à Polícia Federal
durante cerca de seis horas.
O advogado de Bida, Américo
Leal -conhecido por atuar em
defesa dos oficiais da Polícia Militar que ordenaram o massacre de
Eldorado do Carajás, em 1996-,
disse que o silêncio é a estratégia
que ele utilizará. "Para nós não interessa a Polícia Civil, porque o
acusado presta esclarecimentos e
depois eles [policiais] ficam elucubrando em cima daquilo como
se o cara estivesse procurando um
motivo para ser condenado. A
Polícia Civil quer criar um criminoso, e isso não nos interessa."
Leal acredita que a polícia do
Pará tem mostrado parcialidade e
defende a federalização do crime.
"Na mesma época em que assassinaram a missionária, assassinaram também outras pessoas na
área, mas a polícia não quis nem
saber disso. A Justiça tem que ser
para todos. Por que beneficiar somente uma americana?"
Segundo o delegado Waldir
Freire, que preside o inquérito da
Polícia Civil, Bida e Amair Feijoli
da Cunha, o Tato, poderão até ficar calados, mas a atitude não irá
atrapalhar as investigações. "Para
mim, é indiferente se o Tato e o
Bida vão ficar calados. Eu sei que
os outros dois [acusados] vão falar. Eu acho que eles vão se dar
mal. Aliás, eu espero que eles se
dêem mal", disse.
Freire ainda espera esclarecer as
contradições que apareceram nos
quatro depoimentos, entre eles a
propriedade da arma do crime, o
tempo que os pistoleiros ficaram
escondidos no lote de Bida, a participação de outros fazendeiros e
a insistência de Tato em declarar
que agiu sozinho.
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