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Investigação da PF revela 64 tipos
de irregularidades na unidade SP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A análise sobre procedimentos
adotados por delegados e escrivães em 10.570 inquéritos que tramitam desde 1997 na Superintendência da Polícia Federal em São
Paulo revelou a prática de 64 tipos
de irregularidade, desde vícios
burocráticos até a existência de
mercadorias guardadas no depósito do órgão sem nenhum vínculo com investigações formais.
Drogas, equipamentos eletroeletrônicos, bebidas, entre outros
itens, estavam perdidos no depósito, o que poderia permitir um
posterior desvio criminoso. Responsável pelo levantamento feito
em São Paulo, o maior da história
da PF, o delegado Euclides Rodrigues da Silva Filho, coordenador-geral de Correições, estima que
cerca de R$ 1,5 milhão em mercadorias poderia ser desviado por
ano em meio ao descontrole.
"Claro que chamou a atenção o
número de irregularidades levantadas nos seis meses de trabalho,
mas é preciso ter em conta que a
Polícia Federal está agindo para
melhorar seus procedimentos",
disse. O próximo pente-fino ocorrerá no Espírito Santo.
O material perdido no depósito
em São Paulo é fruto de uma espécie de excedente dos autos de
apreensão, nos quais as mercadorias apreendidas eram registradas
em quantidade inferior ao que
realmente chegava à Polícia Federal. O subfaturamento favorece o
descontrole e, conseqüentemente, o desvio.
As irregularidades levaram à
abertura de 30 comissões de sindicância e à instauração de oito
inquéritos, nos quais será apurada suposta prática de crimes.
A morosidade na tramitação de
inquéritos, conforme apurou a
correição, estaria beneficiando,
por exemplo, os contrabandistas
Law Kin Chong e Roberto Eleutério da Silva, o Lobão.
Outro item das irregularidades
envolve regalias a presos. Havia
salas destinadas à carceragem
transformadas em celas especiais,
disponibilizadas para presos. Nos
locais, eles tinham condições melhores do que as oferecidas aos
demais detentos.
Mudança de lado
Ao inaugurar ontem o novo
prédio do INC (Instituto Nacional
de Criminalística), o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
fez uma confissão: após 40 anos
de advocacia criminal, "praticamente" mudou de lado e passou a
apoiar e a admirar o trabalho da
PF que antes criticava.
"Eu, que passei 40 anos da minha vida lutando contra a Polícia
Federal, defendendo pessoas contra a eficiência da PF, quero dizer
que praticamente mudei de lado."
Bastos relatou as mudanças pelas quais a PF está passando, uma
transformação de "paradigmas",
em que a investigação científica
tem um peso cada vez maior nos
inquéritos.
Ao assumir o ministério em
2003, ele prometeu transformar a
PF no "FBI brasileiro", em referência à polícia dos Estados Unidos.
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