São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006 |
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CRISE NO GOVERNO/CERCO AO EX-MINISTRO Delegado vai intimar ex-presidente da Caixa a depor outra vez; Jorge Mattoso também pode ser convocado pela CPI dos Bingos Polícia Federal vai investigar Palocci, diz Thomaz Bastos
ANDRÉA MICHAEL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho será investigado pela Polícia Federal no inquérito que busca os responsáveis pela quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. A PF pretende ouvir Palocci antes de ele deixar Brasília, caso decida voltar para Ribeirão Preto. O petista pediu demissão do cargo anteontem, após revelação de que teria recebido em mãos os extratos bancários do caseiro. "É natural que ele [Palocci] seja investigado. Não estou dizendo isso como uma ordem que dei à PF. É uma constatação. Todo mundo que está envolvido nisso [violação do sigilo], como em outros inquéritos, vai ser investigado", disse. A violação do sigilo do caseiro ocorreu dentro da Caixa Econômica Federal, onde ele mantém uma conta poupança. Em depoimento à PF anteontem, o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso disse ter pedido ao consultor da presidência do banco Ricardo Schumann um informe chamado de "pesquisa de conta" relativa a Nildo. Trata-se de um levantamento para saber se uma pessoa tem ou não conta no banco. Em resposta ao pedido, Mattoso disse ter recebido também os extratos de Nildo. Afirmou que os levou pessoalmente a Palocci, na noite de 16 de março. Mattoso contou que, no dia seguinte, encaminhou as informações ao Banco Central e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras porque haveria movimentação financeira atípica. Nesse mesmo dia, os dados de Francenildo foram divulgados no site da revista "Época". O ex-presidente da Caixa será intimado novamente a depor na PF, pois continuam nebulosas suas motivações para buscar informações sobre Nildo. O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), também estuda convocar Mattoso para depor e analisa seu indiciamento. Ontem, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, responsável pela investigação na PF, pediu à Justiça autorização para acessar todos os dados constantes do computador portátil por meio do qual os dados do caseiro foram obtidos. O aparelho foi operado pelo servidor Jether Ribeiro, que disse ter apagado os registros por medo. Na noite de anteontem, Ribeiro entregou à PF uma cópia de segurança que fez das informações posteriormente apagadas. O pedido judicial dos policiais inclui o acesso também a essa cópia. A Receita Federal ainda não está entre os alvos da PF, apesar das especulações de que poderia ter partido do órgão a informação de que haveria um aumento na movimentação bancária do caseiro. Questionado sobre a forma como participou das negociações para conter a crise, Bastos declarou: "Não interfiro nas investigações. Participei do lado político das coisas". O ministro disse que, para se proteger de ataques políticos, que pretenderiam transformá-lo na "bola da vez", sua estratégia é uma só: "Sair da frente". Texto Anterior: Janio de Freitas: Algumas sobras Próximo Texto: Promotoria quer indiciar Palocci na próxima semana Índice |
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