São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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Alckmin cortará juros, diz Mendonça

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista tucano Luiz Carlos Mendonça de Barros afirma que o PT "usurpou" os avanços econômicos produzidos durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e "instalou um software pirata" para administrar a economia brasileira.
Em palestra para uma audiência tucana no ISD (Instituto Social Democrata), Mendonça de Barros se apresentou como um dos principais articuladores do projeto econômico para um eventual governo Geraldo Alckmin.
Na base do projeto está uma combinação de juro menor, exportações robustas, rigoroso controle das contas públicas, mais crescimento e menos impostos.
"Temos a oportunidade de dar à sociedade uma versão mais atualizada do software que construímos", disse o ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES na gestão FHC. Para ele, o "software pirata" petista corresponde ao fato de o governo ter "preservado o modelo" FHC sem "perceber que o mundo mudou".
O economista diz que hoje inexiste o principal impedimento que constrangeu o crescimento nos anos FHC -o déficit nas transações correntes. O termo designa o resultado das transações comerciais do país com o mundo, mais os serviços e transferências unilaterais. Ele reflete a quantia, em dólares, que falta ao governo para quitar seu saldo negativo.
Nos anos FHC, o Brasil rodou deficitário nessa conta e manteve os juros elevados para atrair dólares de investidores internacionais. Hoje, com saltos substanciais nas exportações, o país tem superávit na conta de transações correntes.
O economista admite que seu partido perdeu a eleição de 2002 para o PT devido a uma "performance econômica fraca". Atribuiu o desempenho às três crises internacionais nos anos FHC (México, Ásia e Rússia) e ao fato de a gestão ter se ocupado em "preparar a economia para o grau atual de abertura, com controle da inflação e privatizações".
"O novo coração do Brasil é uma balança de pagamentos com superávit, que permite ter uma taxa de juros infinitamente inferior. O PT não percebeu essa transição." Ele acredita que o Brasil possa crescer 5% ao ano por "longo período". "Os tucanos têm direito a se beneficiar das mudanças que fizeram." Ainda diz que, nesse novo patamar de crescimento, o país precisará de uma reforma constitucional para desvincular as receitas de despesas obrigatórias, para que os gastos não se convertam em pressões inflacionárias.
Sua proposta é congelar os gastos obrigatórios (exceto Previdência) em "nível elevado" para permitir que a União gaste livremente o que for arrecadado a mais ou para que corte impostos.


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