CRISTINA FIBE
DA REDAÇÃO

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se confirmada a candidatura de José Serra ao governo paulista, o PT avalia a possibilidade de antecipar a data da sua prévia que escolherá o adversário do tucano.
A consulta ao partido está marcada para o dia 7 de maio, mas a idéia, defendida principalmente pelo grupo de Marta Suplicy, é antecipá-la para 23 de abril.
A ex-prefeita concorda com a medida. O senador Aloizio Mercadante, seu adversário na prévia, disse que ainda consultaria lideranças que o apóiam.
No grupo próximo a Mercadante, a proposta conta com simpatizantes, mas perdeu força após o senador ter sido preterido na escolha do substituto de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda.
O grupo do senador entendeu que Lula não o convidou por apostar no seu nome para a disputa e pretende ganhar tempo para convencer a militância disso.
A antecipação será discutida na reunião da executiva estadual, marcada para sexta. Os defensores dela avaliam que Serra, líder nas pesquisas, poderá aumentar sua dianteira caso fique mais de um mês em campanha sem ter um adversário definido.
Pesquisa Datafolha deste mês mostra que, com Serra na disputa, o prefeito tem 58% das intenções de voto contra 12% de Mercadante. Contra Marta, Serra tem 50%, e a ex-prefeita, 14%.
"Com a candidatura Serra, teremos um fato político novo, que não estava colocado quando a prévia foi definida. Ela exige que o PT tome uma decisão com mais rapidez. Agora, se o outro lado não quiser, esperamos até o dia 7 de maio. Quem vai perder é o partido", diz o vereador Antonio Donato, do grupo de Marta.
O deputado Simão Pedro, ligado a Mercadante, reconhece os problemas que podem ser causados pela falta de definição, mas afirma que a antecipação tende a favorecer Marta. Segundo ele, Mercadante pretende ampliar seus apoios no interior para, em seguida, centrar fogo na capital.
Por enquanto, o presidente do diretório estadual, Paulo Frateschi, se diz contra a mudança da data. Ele afirma achar "difícil" um acordo entre os dois pré-candidatos e não haver "nenhuma vantagem" em adiantar a prévia em duas semanas.

Fator João Paulo
Os dois lados da disputa acompanham com atenção a reta final do processo de cassação do deputado João Paulo Cunha, considerado o fiel da balança na disputa entre Marta e Mercadante. Amanhã o plenário da Câmara deverá votar o processo contra ele.
João Paulo comanda a militância da região de Osasco, sua base, e de várias cidades do interior. Segundo integrantes de seu grupo no PT, ele prometeu anunciar um apoio logo após a conclusão de seu processo. O relatório do Conselho de Ética pediu a cassação de João Paulo, acusado de envolvimento no "mensalão".
Antes disso, João Paulo havia chegado a se lançar pré-candidato à vaga, mas o envolvimento no escândalo o fez desistir.