São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Até outubro

A 'Globo' foi atrás de Franklin Martins para comentar a queda de Antônio Palocci. Nos demais programas, jamais no "Jornal Nacional". Dele, à tarde, avisando:
_ Já está claro que a oposição não vai parar por aí. E está clara uma coisa: o tempo vai esquentar muito.
Na CBN, que é da Globo, ele detalhou mais. Primeiro o âncora Heródoto Barbeiro:
_ Com a demissão de Palocci a crise diminui, as coisas vão ficar mais calmas?
E o comentarista: _ Olha, pelo andar da carruagem, esta crise só termina no dia da eleição. Vamos ter essa tensão, esse estresse o tempo todo, porque está claro que a crise hoje está inteiramente misturada à disputa eleitoral.
Aliás:
_ Vamos ter campanha de muita confrontação, baixaria. Não vai ser uma campanha para o país se orgulhar.
Do blog de Josias de Souza, na Folha Online:
_ Em frenética troca de telefonemas entre seus principais líderes, PSDB e PFL decidiram manter o governo sob fogo cerrado até outubro, quando o país vai às urnas.

 

A dúvida que persiste é quanto ao alvo. Da primeira página do "Valor" a Martins, Souza e outros, o que se prenuncia é um ataque direto a Lula.
Mas no Blog Brasil se lia que "o alvo agora é o amigo Paulo Okamotto". E na Jovem Pan se ouvia que "o novo foco" é Márcio Thomaz Bastos.
Pelo jeito, a oposição ainda não se decidiu.
 

E tem a estratégia petista ou, como afirma o site Carta Maior, "a contra-ofensiva". Diz Souza, sobre "a reação":
_ Em diálogos reservados, o líder Aloizio Mercadante ameaçou trazer para o plano federal o que chama de "mensalão do Geraldo Alckmin".
É o caso Nossa Caixa, que ecoou na Globo desde o "Bom Dia São Paulo", de madrugada. Já em rede nacional:
_ Alckmin alega que o repasse é feito com critérios técnicos. Mas, em uma inauguração, um jornal de bairro foi distribuído com agradecimentos ao governo paulista. Entre os anúncios, um do governo.
O próprio Alckmin trata de manter o escândalo no ar, dizendo ao "JN" e ao restante da cobertura eletrônica:
_ Nenhum problema que a Assembléia investigue, chame as pessoas, abra CPI. Nenhum problema. O governo é absolutamente transparente.
Corte para o repórter do "JN" noticiar, em contraste flagrante, que ontem na Assembléia "um pedido de CPI da oposição foi barrado _e um requerimento para convocar os envolvidos não foi aceito".
 
Registre-se que o Carta Maior, à esquerda, teme abraçar a tal "contra-ofensiva". Depois de detalhá-la, opinou:
_ Mas talvez a melhor estratégia não seja aderir à guerra total convocada pelos tucanos e aliados. Pesquisas indicam que a maioria está cansada de baixaria no debate político.

UM BRASILEIRO NO ESPAÇO

No site da Nasa, a Soyuz que leva "o astronauta da agência espacial brasileira"


O tom retumbante vem desde o "Fantástico": _ Vai começar a primeira aventura espacial brasileira. Daqui a 75 horas, a nave Soyuz deixa a base do Cazaquistão levando um astronauta brasileiro.
Desde então, qualquer coisa é manchete, como ontem no "Jornal Nacional", com Fátima Bernardes:
_ A viagem do astronauta brasileiro. O foguete é levado para a plataforma de lançamento.
E não é só na escalada dos quatro principais telejornais, como se assistia ontem. Da Folha Online aos portais, o astronauta está em praticamente todas as páginas iniciais, muitas vezes como manchete.
E está em sites de jornais pelo mundo, do chinês "Diário do Povo" ao argentino "La Nación". Este último com um misto de ironia e má vontade, dizendo que "uma nave chegará ao espaço com uma bandeira brasileira fora e um brasileiro dentro", sob o título:
_ Um brasileiro no espaço.

Audiência 1
Governo e oposição travaram guerra de audiência nos canais de notícias, com a posse na Fazenda e dois depoimentos no Senado. O de Francenildo foi assim descrito no "JN":
_ Ele foi chamado para esclarecer suspeitas dos governistas de que teria sido manipulado pela oposição. Disse que procurou o senador Antero Paes de Barros, do PSDB, levado por um amigo corretor de imóveis.

Audiência 2
Nem posse nem depoimentos. O melhor dos canais de notícias, ao vivo por BBC, CNN e até os brasileiros, foram os confrontos em Paris. Os manifestantes se deitavam diante dos blindados e fingiam beber. Assim correu o protesto, até que alguns jovens passaram a mostrar o traseiro à polícia. BBC e logo os demais pararam de transmitir.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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