São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Previsão do tempo

Os partidos beneficiados com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral segundo a qual o mandato pertence à sigla, e não ao parlamentar, calculam partir de um piso de pelo menos quatro votos favoráveis à sua causa na eventualidade de a matéria chegar ao Supremo. Seriam os dos três ministros do TSE com assento no STF -Marco Aurélio Mello, Carlos Ayres de Britto e Cezar Peluso- e o de Celso de Mello, que num caso anterior manifestou concordância com essa tese.
Na contramão do otimismo, especialistas em direito eleitoral avaliam que, ainda que o Supremo endosse o modelo de fidelidade partidária aprovado pelo TSE, não faltam meios para o Congresso se livrar da amarra imposta pela Justiça Eleitoral, como fez, em 2006, para derrubar a verticalização das alianças.

Zona. Nenhum partido era capaz de dizer, ontem, quantos serão seus deputados com a decisão do TSE. Isso porque, caso os suplentes sejam chamados, podem ser beneficiadas outras legendas das coligações, e não as próprias siglas que perderam filiados.

Roadshow 1. Enquanto petistas em geral gritam contra a política de "porteira fechada" nos ministérios comandados por aliados, Ricardo Berzoini toma providências. O presidente da sigla tem ido de pasta em pasta para reivindicar o quinhão do PT.

Roadshow 2. Sentado em cadeira que já foi do PT, um neoministro recebeu a visita de Berzoini e impressionou-se com sua organização. O presidente colocou sobre a mesa uma folha de papel enumerando os cargos que o partido pretende manter, bem como as novas posições que gostaria de ganhar na pasta.

Empreendedor. À diferença de correligionários que ficaram sem mandato, Zeca do PT disse que não quer cargo em Brasília. O ex-governador de Mato Grosso do Sul contou a aliados que fará consultoria para empresas com José Dirceu, preferencialmente na área de biodiesel.

Nem moeda. Ao desembarcar segunda-feira no aeroporto de Teresina, Dirceu se declarou sem fundos até mesmo para pagar um café. Apiedado, um repórter da TV local ofereceu-lhe a bebida.

Docinho. O novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, fez carreira em São Paulo, mas nasceu em Minas, onde buscou inspiração para presentear Lula antes de assumir o cargo. Deu ao presidente uma goiabada cascão de Ponte Nova, sua cidade natal.

Sem intermediários. O novo arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, foi pessoalmente ontem ao Itamaraty para conhecer a equipe que cuida da visita do papa.

Tribos 1. De olho no eleitorado jovem, o presidente do Democratas, Rodrigo Maia, lançará um blog logo depois da Páscoa, quando também será inaugurada a sede do partido no Second Life, ambiente virtual onde os "habitantes" podem interagir e debater.

Tribos 2. José Carlos Aleluia cunhou o apelido "democras" para os integrantes do partido rebatizado. Já Paulo Bornhausen chamava os novos comandantes da sigla de "DJs": "democratas jovens".

Gracinha. O hit da convenção do Democratas foi um jornal do Rio Grande do Norte que trazia na capa foto do líder do partido no Senado, José Agripino (RN), dando um "selinho" na apresentadora Hebe Camargo. Houve quem ameaçasse levar o caso ao Conselho de Ética do partido.

Pós-dossiê. Adversários renhidos em 2006, José Serra (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT) jogam do mesmo lado para derrubar a proposta que cria as zonas de processamento de exportação, as ZPEs. Ontem, o presidente tucano, Tasso Jereissati, favorável à medida, ironizava a súbita aliança dos rivais.

Tiroteio

"Lula está de brincadeira. Se nem os vôos têm mais dia e hora para decolar no Brasil, imagine se é possível dizer quando a crise vai acabar".
Do senador DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO) sobre o presidente Lula, que anteontem exigiu de seus subordinados "dia e hora" para o término da situação de caos nos aeroportos, que já dura seis meses.

Contraponto

Edição extraordinária

Na reta final da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR) vivia momentos de tensão, com medo de que trechos de suas conclusões vazassem para a imprensa. Ciente do estado de espírito do relator, Gustavo Fruet (PSDB-PR) fez circular, entre os integrantes da comissão, o rumor de que o documento já estaria em poder dos jornalistas. Ao encontrar Serraglio no plenário, fez suspense:
-Acabo de assistir ao "Jornal Nacional". Você sabe o que o apresentador disse no final?
-Me conte, me conte!- pediu, em pânico, o relator.
-Ele olhou bem para a câmera e falou... "boa noite"!


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