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Oposição vai à Justiça para reaver vagas de deputados
PSDB, DEM (ex-PFL) e PPS perderam 23 cadeiras na Câmara desde a eleição
Decisão do TSE em relação ao troca-troca partidário abre caminho para disputa contra parlamentares que migraram para a base aliada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os três partidos de oposição
ao governo Luiz Inácio Lula da
Silva no Congresso, PSDB, PPS
e DEM (Democratas, ex-PFL),
anunciaram ontem que usarão
a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tentar retomar, por meio da Justiça, as
vagas dos deputados que elegeram e depois migraram para a
base aliada.
O TSE impôs, em decisão de
anteontem à noite, a fidelidade
de filiação partidária para os
políticos eleitos para os Legislativos em todos os seus níveis.
Deputados que trocaram de
sigla após a eleição de 2006 correm agora o risco de perder o
mandato, exceto se retornarem
às agremiações a que estavam
filiados no dia do pleito.
Desde a eleição de outubro
passado, 37 deputados federais
deixaram seus partidos de origem e já estão abrigados em outras legendas. Os grandes perdedores são justamente os oposicionistas PSDB, DEM e PPS.
A oposição entende que essa
decisão implica a devolução das
vagas perdidas com a desidratação sofrida nos últimos meses. Juntas, as três siglas perderam 23 deputados -DEM (8),
PPS (8) e PSDB (7).
O PSDB foi o primeiro a reunir sua Executiva, ontem, para
deliberar sobre o tema.
"Nossos advogados vão decidir qual é a maneira correta de
recorrer à Justiça, queremos
recuperar esses mandatos que
foram tomados do povo por negociações de cargos", afirmou o
presidente do PSDB, senador
Tasso Jereissati (CE). "É o primeiro passo para a reforma política", completou.
Apesar de cobrar as cadeiras
de volta, Tasso foi categórico ao
rechaçar uma eventual reintegração dos sete tucanos que
deixaram o partido: "Não quero
de volta nem com troco".
"Esse gesto [a decisão do
TSE] é uma chicotada nos que
acham que partido é motel para
darem uma "rapidinha" política", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
Já o PPS seguirá o mesmo caminho dos tucanos. "O PPS requisitará de volta os mandatos
eletivos de parlamentares que
deixaram o partido após as eleições", afirmou o presidente da
sigla, Roberto Freire.
O deputado Rodrigo Maia
(RJ), que assumiu ontem a presidência do novo DEM, afirmou que o partido deverá pedir
o cancelamento da diplomação
dos oito deputados que saíram
da legenda nos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). "Foi
um grande oportunismo dos
que saíram. Ninguém tinha dúvida na eleição passada que, como Lula era favorito, o PFL seria oposição", disse Maia.
Autor do pedido do questionamento ao TSE, que suscitou
o imbróglio entre os partidos, o
ex-senador Jorge Bornhausen
(DEM-SC) disse que fora "uma
vitória do silêncio". "Do contrário, o governo teria se movimentado para tentar impedir."
O presidente do PDT, Carlos
Lupi, que tomará posse hoje no
Ministério do Trabalho, disse
que a sigla analisará se irá à
Justiça para reaver o mandato
do deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL).
PR
Principal destino dos deputados que trocaram de legenda
após a eleição, o PR (fusão do
PL com o Prona) arrebanhou 18
dos 35 parlamentares que mudaram de bancada após a eleição. Outros dois deputados deixaram seus partidos, mas permanecem sem legenda.
"Estamos abertos para o embate e para discutir novas filiações", disse o líder do PR, Luciano Castro (RR). "Estamos
vivendo a ditadura do partido.
Vamos ter um grupo de caciques determinando o que o deputado deve fazer?"
Líderes dos partidos governistas, beneficiados com o troca-troca de legenda, defenderam que a decisão do TSE não
pode ser retroativa, ou seja, só
se aplicaria para deputados que
mudarem de sigla a partir de
agora. "Não pode pode retroagir", disse o líder do PTB, Jovair
Arantes (GO). O partido elegeu
22 deputados e hoje, com a fusão com o PAN, soma 26.
O líder do governo na Casa,
José Múcio Monteiro (PE),
desconversou: "Foi interpretação do TSE, não existe lei".
(SILVIO NAVARRO, FÁBIO ZANINI E LETÍCIA SANDER)
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