São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Brasil e EUA abrirão mercados, diz Bush

Presidente afirma que, em encontro com Lula, no sábado, lidará com preocupações brasileiras em relação à agricultura

Desentrave de rodada comercial e biocombustíveis serão temas de reunião; brasileiro ficará no retiro presidencial de Camp David


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Em confirmação à perspectiva de que as negociações comerciais Brasil-EUA ocuparão boa parte de seu encontro com Luiz Inácio Lula da Silva, no sábado, o norte-americano George W. Bush disse ontem que lidará com as "preocupações" brasileiras com a agricultura.
"Neste fim de semana, o presidente do Brasil está chegando para me ver, e nós falaremos sobre como podemos trabalhar juntos para abrir os mercados ao mesmo tempo em que lidamos com preocupações deles com as nossas questões agrícolas", afirmou o norte-americano durante encontro com criadores de gado, em Washington.
O republicano se referia à intenção do governo brasileiro de ver os EUA diminuírem o tamanho do subsídio dado aos agricultores norte-americanos, atualmente de US$ 18 bilhões por ano, como maneira de os dois países ajudarem a destravar as negociações da Rodada Doha, de comércio exterior.
Na segunda, em seu programa de rádio, Lula havia voltado a falar do mesmo assunto. "Nós estamos dispostos a fazer a nossa parte desde que eles façam a parte deles", afirmou. "E, sobretudo, eles falam muito em livre comércio, mas eles gostam de proteger os seus produtos".
Ou, como disse ontem o embaixador do Brasil em Washington, "será uma tentativa de organizar os próximos passos e etapas para um ponto de inflexão" entre os países. Antonio Patriota citou o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, para quem "o relógio está correndo".
Em seu discurso aos criadores, Bush disse ainda que "trabalharia duro" para que Doha fosse bem-sucedida. Para tanto, pediu ele, a autoridade especial que tem para negociar acordos comerciais e que vence em 1º de julho deve ser renovada pelo Congresso, dominado pela oposição democrata.
"Em outras palavras", continuou Bush, "nossos parceiros comerciais têm de dizer: "Se esse é o acordo que nós negociamos, é esse que tem de ser votado". Você não pode negociar um acordo com justiça se você acha que depois ele será modificado no plenário do Congresso."
Desde que assumiram o controle do Legislativo, os democratas ameaçam rever todos os acordos comerciais feitos nos seis anos de mandato de Bush e acenam com a hipótese de não renovar o privilégio especial, chamado de TPA, na sigla em inglês, mas também conhecido como "fast-track".
É nesse contexto que Lula desembarca amanhã, por volta das 20h locais (21h de Brasília), na base aérea Andrews, no Estado vizinho de Maryland. Passará a noite na Blair House, a casa de hóspedes presidencial, que fica a metros da Casa Branca, e passará o sábado em encontro com Bush.
Além de Doha e do memorando de biocombustíveis, que foi assinado no começo do mês pelos dois em São Paulo, Lula e Bush devem falar do recém-assinado acordo de troca de informação bitributária, que muitos vêm como um passo importante para um futuro tratado tributário entre os países.
Um grupo de trabalho se reúne hoje, em Washington, para estudar como o memorando pode ser implantado. O objetivo, diz o Itamaraty, é "estruturar um novo paradigma de cooperação internacional". Ajuda a África e investimento no Haiti também estão na pauta.
Lula será antecedido pelo chanceler Celso Amorim, que se encontra com a secretária de Estado Condoleezza Rice amanhã cedo. Apesar de vir sem dona Marisa, o presidente será recebido pelo casal Bush, George e Laura, no retiro presidencial de Camp David, em Maryland.


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