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Brasil e EUA abrirão mercados, diz Bush
Presidente afirma que, em encontro com Lula, no sábado, lidará com preocupações brasileiras em relação à agricultura
Desentrave de rodada comercial e biocombustíveis serão temas de reunião; brasileiro ficará no retiro presidencial de Camp David
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Em confirmação à perspectiva de que as negociações comerciais Brasil-EUA ocuparão
boa parte de seu encontro com
Luiz Inácio Lula da Silva, no sábado, o norte-americano George W. Bush disse ontem que lidará com as "preocupações"
brasileiras com a agricultura.
"Neste fim de semana, o presidente do Brasil está chegando
para me ver, e nós falaremos
sobre como podemos trabalhar
juntos para abrir os mercados
ao mesmo tempo em que lidamos com preocupações deles
com as nossas questões agrícolas", afirmou o norte-americano durante encontro com criadores de gado, em Washington.
O republicano se referia à intenção do governo brasileiro de
ver os EUA diminuírem o tamanho do subsídio dado aos
agricultores norte-americanos,
atualmente de US$ 18 bilhões
por ano, como maneira de os
dois países ajudarem a destravar as negociações da Rodada
Doha, de comércio exterior.
Na segunda, em seu programa de rádio, Lula havia voltado
a falar do mesmo assunto. "Nós
estamos dispostos a fazer a
nossa parte desde que eles façam a parte deles", afirmou. "E,
sobretudo, eles falam muito em
livre comércio, mas eles gostam
de proteger os seus produtos".
Ou, como disse ontem o embaixador do Brasil em Washington, "será uma tentativa de
organizar os próximos passos e
etapas para um ponto de inflexão" entre os países. Antonio
Patriota citou o diretor-geral
da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, para
quem "o relógio está correndo".
Em seu discurso aos criadores, Bush disse ainda que "trabalharia duro" para que Doha
fosse bem-sucedida. Para tanto, pediu ele, a autoridade especial que tem para negociar
acordos comerciais e que vence
em 1º de julho deve ser renovada pelo Congresso, dominado
pela oposição democrata.
"Em outras palavras", continuou Bush, "nossos parceiros
comerciais têm de dizer: "Se esse é o acordo que nós negociamos, é esse que tem de ser votado". Você não pode negociar um
acordo com justiça se você acha
que depois ele será modificado
no plenário do Congresso."
Desde que assumiram o controle do Legislativo, os democratas ameaçam rever todos os
acordos comerciais feitos nos
seis anos de mandato de Bush e
acenam com a hipótese de não
renovar o privilégio especial,
chamado de TPA, na sigla em
inglês, mas também conhecido
como "fast-track".
É nesse contexto que Lula
desembarca amanhã, por volta
das 20h locais (21h de Brasília),
na base aérea Andrews, no Estado vizinho de Maryland. Passará a noite na Blair House, a
casa de hóspedes presidencial,
que fica a metros da Casa Branca, e passará o sábado em encontro com Bush.
Além de Doha e do memorando de biocombustíveis, que
foi assinado no começo do mês
pelos dois em São Paulo, Lula e
Bush devem falar do recém-assinado acordo de troca de informação bitributária, que muitos
vêm como um passo importante para um futuro tratado tributário entre os países.
Um grupo de trabalho se reúne hoje, em Washington, para
estudar como o memorando
pode ser implantado. O objetivo, diz o Itamaraty, é "estruturar um novo paradigma de cooperação internacional". Ajuda a
África e investimento no Haiti
também estão na pauta.
Lula será antecedido pelo
chanceler Celso Amorim, que
se encontra com a secretária de
Estado Condoleezza Rice amanhã cedo. Apesar de vir sem dona Marisa, o presidente será recebido pelo casal Bush, George
e Laura, no retiro presidencial
de Camp David, em Maryland.
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