São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Lula confirma Lupi apesar de pressão da CUT

Sindicalistas vão ao Planalto pedir manutenção de Marinho no Trabalho, mas presidente mantém nomeação de pedetista

Petista será deslocado para Ministério da Previdência; presidente decide ainda manter Guilherme Cassel no Desenvolvimento Agrário


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da pressão dos sindicalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve a decisão de indicar Carlos Lupi (PDT) como novo ministro do Trabalho. Com isso, o atual ocupante do cargo, Luiz Marinho, será deslocado para o Ministério da Previdência Social.
Depois de se reunirem com Lula na noite de ontem, líderes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), representando outras cinco centrais sindicais, informaram Lula que prometeu "pensar" sobre a troca de Marinho por Lupi, presidente nacional do PDT, partido mais próximo da Força Sindical, mas a mudança foi confirmada. As posses serão hoje pela manhã.
Lula também decidiu manter Guilherme Cassel como ministro do Desenvolvimento Agrário e Altemir Gregolin deverá ser confirmado na Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca. Ambos são ligados ao PT.
Os sindicalistas que foram defender Marinho dizem que o ex-presidente da CUT fez uma gestão "sem privilégios" na pasta e trouxe resultados satisfatórios, como a política de reajuste do salário mínimo.
"Viemos aqui falar que gostaríamos de manter o Marinho no Trabalho pela postura que ele adotou. Ele tem se mostrado um ministro com compromisso", disse a presidente-interina da CUT, Carmem Foro.

"Ministro trapalhão"
Durante o dia de ontem, Lupi já discursava como ministro. Momentos depois de se auto-intitular "ministro trapalhão" por ter derrubado um copo de água, disse que "nenhum cargo" o fará apoiar uma reforma trabalhista que mexa com pontos como 13º salário, férias remuneradas e indenização por demissão sem justa causa.
"Não tem cargo que faça a gente abrir mão dessa posição, porque essa é a nossa história", afirmou Lupi, que assumiu a presidência do PDT após a morte de Leonel Brizola, em 2004. O partido tem em suas raízes o antigo PTB fundado sob a influência de Getúlio Vargas, presidente que sancionou em 1943 a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Questionado sobre modificações na CLT, Lupi disse: "Eu sou contra, meu partido é contra. Só sou a favor se tiver a aprovação dos trabalhadores."
O novo ministro afirmou ainda que o déficit da Previdência "só existe para editorialista de jornal" e que o real motivo de o salário mínimo não ser reajustado em índices mais altos é porque prefeituras e governos dos Estados não teriam como arcar com a despesa.
Segundo o pedetista, Lula lhe pediu, como prioridade, a recuperação do programa Primeiro Emprego, que fracassou na primeira gestão de Lula em seu principal ponto, o de oferecer subsídio para que empresas contratassem jovens.
Sobre a proposta de regulamentação do direito de greve, o novo ministro disse ser favorável à "greve sempre", mas com diferenciação para setores como a saúde pública. (EDUARDO SCOLESE E RANIER BRAGON)

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