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Lula confirma Lupi apesar de pressão da CUT
Sindicalistas vão ao Planalto pedir manutenção de Marinho no Trabalho, mas presidente mantém nomeação de pedetista
Petista será deslocado para Ministério da Previdência; presidente decide ainda manter Guilherme Cassel no Desenvolvimento Agrário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da pressão dos sindicalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve a decisão de indicar Carlos Lupi
(PDT) como novo ministro do
Trabalho. Com isso, o atual
ocupante do cargo, Luiz Marinho, será deslocado para o Ministério da Previdência Social.
Depois de se reunirem com
Lula na noite de ontem, líderes
da CUT (Central Única dos
Trabalhadores), representando
outras cinco centrais sindicais,
informaram Lula que prometeu "pensar" sobre a troca de
Marinho por Lupi, presidente
nacional do PDT, partido mais
próximo da Força Sindical, mas
a mudança foi confirmada. As
posses serão hoje pela manhã.
Lula também decidiu manter
Guilherme Cassel como ministro do Desenvolvimento Agrário e Altemir Gregolin deverá
ser confirmado na Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca. Ambos são ligados ao PT.
Os sindicalistas que foram
defender Marinho dizem que o
ex-presidente da CUT fez uma
gestão "sem privilégios" na pasta e trouxe resultados satisfatórios, como a política de reajuste
do salário mínimo.
"Viemos aqui falar que gostaríamos de manter o Marinho
no Trabalho pela postura que
ele adotou. Ele tem se mostrado um ministro com compromisso", disse a presidente-interina da CUT, Carmem Foro.
"Ministro trapalhão"
Durante o dia de ontem, Lupi
já discursava como ministro.
Momentos depois de se auto-intitular "ministro trapalhão"
por ter derrubado um copo de
água, disse que "nenhum cargo" o fará apoiar uma reforma
trabalhista que mexa com pontos como 13º salário, férias remuneradas e indenização por
demissão sem justa causa.
"Não tem cargo que faça a
gente abrir mão dessa posição,
porque essa é a nossa história",
afirmou Lupi, que assumiu a
presidência do PDT após a
morte de Leonel Brizola, em
2004. O partido tem em suas
raízes o antigo PTB fundado
sob a influência de Getúlio Vargas, presidente que sancionou
em 1943 a CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho).
Questionado sobre modificações na CLT, Lupi disse: "Eu
sou contra, meu partido é contra. Só sou a favor se tiver a
aprovação dos trabalhadores."
O novo ministro afirmou ainda que o déficit da Previdência
"só existe para editorialista de
jornal" e que o real motivo de o
salário mínimo não ser reajustado em índices mais altos é
porque prefeituras e governos
dos Estados não teriam como
arcar com a despesa.
Segundo o pedetista, Lula lhe
pediu, como prioridade, a recuperação do programa Primeiro
Emprego, que fracassou na primeira gestão de Lula em seu
principal ponto, o de oferecer
subsídio para que empresas
contratassem jovens.
Sobre a proposta de regulamentação do direito de greve, o
novo ministro disse ser favorável à "greve sempre", mas com
diferenciação para setores como a saúde pública.
(EDUARDO SCOLESE E RANIER BRAGON)
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