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General do Exército decide se calar sobre aniversário do golpe
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Exército vai silenciar no
aniversário de 43 anos do golpe
militar de 1964, no próximo dia
31. No comando da Força desde
o início de março, o general Enzo Martins Peri decidiu quebrar a tradição e não fará pronunciamento nem publicará
mensagem oficial sobre a data.
Desde o golpe, o fato histórico só passou em branco em
2003, quando o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tomou
posse do primeiro mandato.
Tomou-se a medida por precaução, pois o governo trazia
entre as lideranças militantes
políticos perseguidos na ditadura. Agora a decisão foi tomada para evitar constrangimentos que acompanham a data. Ao
exaltar a ditadura -ou "Contra-Revolução de 31 de março
de 1964"-, os militares são criticados fora dos quartéis.
A opção pelo silêncio, já criticada em 2003, será um preço a
pagar internamente, pois um
grupo expressivo da Força defende a ação militar praticada
durante os anos de chumbo.
Em 2006, na nota sobre o
episódio, o então comandante
do Exército, general Francisco
Albuquerque, exaltou a atuação
dos militares. Disse que o golpe
ajudou a "alicerçar, em cada
brasileiro, a convicção perene
de que preservar a democracia
é um dever nacional".
"O 31 de Março insere-se,
pois, na história pátria, e é sob o
prisma dos valores imutáveis
de nossa força e da dinâmica
conjuntural que o entendemos.
É memória, dignificado à época
pelo incontestável apoio popular, e une-se, vigorosamente,
aos demais acontecimentos vividos, para alicerçar, em cada
brasileiro, a convicção perene
de que preservar a democracia
é dever nacional", dizia o texto.
A nota gerou mal-estar. Waldir Pires, que seguiu para o exílio político após o golpe, acabara de assumir o Ministério da
Defesa, ao qual o Exército é subordinado pela atual estrutura.
Também houve constrangimento em 2000, quando a ordem do dia dizia que o movimento militar de 64 foi um ato
de "coragem moral" para "restaurar a democracia". Contra a
"insensatez", dizia, os militares
ficaram "ao lado da razão".
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